tag:blogger.com,1999:blog-32837853468546581462024-03-14T04:41:53.911-07:00Diarinhozinho"Um dia crescerei e serei um Diariozão!"Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.comBlogger107125tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-4783243238101688572018-01-14T06:03:00.001-08:002018-01-14T06:03:17.781-08:00Sobre os jovens da Direita e o telefone sem fio<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
- “Depois do impeachment da
Dilma, o valor do gás de cozinha subiu três vezes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
- Depois do impeachment da Dilma,
o gás de cozinha ficou três vezes mais caro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
- Depois que o Temer tirou a
Dilma, todos os combustíveis aumentaram o triplo, e ele tem um acordo com o
Lula.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
- O Temer tem um acordo com o
Lula, que vai concorrer com o Bolsonaro para ver quem estabiliza o preço do gás
de cozinha que sempre aumentava para o triplo do preço nos últimos 15 anos”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Parece absurdo, mas é como
funciona a brincadeira do telefone sem fio. Acordei pensando nisso hoje pela
manhã. Domingo. Meus filhos e marido dormindo e eu pensando no que estaria
piorando o caos em que já estamos inseridos. Na verdade, preocupação com um
jovem muito próximo a mim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Filho de pais amorosos, família
educada e inteligente o menino resolveu defender o Bolsonaro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
- Mas Carol... Ele era um guri
tão bom. – Diz uma amiga inconsolável, com lágrimas nos olhos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
- E continua sendo. – Respondo. –
Até onde eu saiba ele não morreu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
- Mas para mim é como se fosse a
mesma coisa. – Choraminga a amiga que lembro bem, no final dos anos 1990 gritava
tal e qual a Vera Guasso (arquétipo-mito-rainha-senhora da política histérica,
com todo respeito) nas ruas de uma Porto Alegre prestes a receber Olívio Dutra
como governador, após o desastre Britto (e isso é um dos poucos sensos comuns para
qualquer lado neste Estado: o governo Britto foi catastrófico). Eu sei que a
descrição foi complicada e truncada, mas quem viu estes momentos entenderá. –
Ele está usando discursos de ódio, fala mal das pessoas, diz que bandido bom é
bandido morto, e que a esquerda merece ser tratada com força e que se for
preciso impor a ordem por medo, terá que ser feito.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
- (Chamei-a pelo nome, mas não
citarei por motivos óbvios)... E se ele estivesse usando o mesmo tom para
defender a esquerda? Teria algum problema para ti? Para mim teria.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Estamos diante sim de um caos
social. E uma coisa devemos entender primordialmente: o ódio não tem lado. O
ódio simplesmente existe. E é facilmente provocado. Quando começo este texto
fazendo uma brincadeira de telefone sem fio, apenas descrevi o que presenciei
com meus próprios olhos, timtim por timtim. E a partir disso, pergunto: a
última frase dita na brincadeira é mais grave que a primeira? Termos três
aumentos no valor do gás de cozinha em menos de um ano (época do ocorrido) já
não é absurdo o suficiente? É preciso mesmo aumentar um ponto para ser
convincente ao contar um conto? Não. A resposta é não.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Não sou psicóloga, menos ainda
psicopedagoga. Mas uma coisa é certa: jovens precisam de segurança e não de
confusão. Ora, quem nunca assistiu programas televisivos com fórmulas mágicas
em educação dos pequenos? A principal: “Seja firme em suas decisões e mostre
isso com a voz. Mantenha o equilíbrio para ser voz de comando, não demonstre
incerteza gritando ou baixando demais o tom. Olhe nos olhos deles”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Dia destes comentei que nossos
jovens estavam apenas cumprindo seu papel de juventude nos contrariando. E
quanto a este menino tão próximo, não vejo nada nele que seja diferente a fúria
que me fazia frequentar o Fórum Social Mundial com uma camiseta pintada por mim
onde o Bin Laden pisoteava as Torres Gêmeas. Nada diferente dos palavrões que
proferi em frente ao Palácio Piratini no início dos anos 2000. Tampouco o ódio
com que me referia àqueles que estavam me contrariando. Ele é eu há anos atrás.
Assim como eu era meus antecessores anos atrás, aceitando uma Ditadura para que
ninguém de nossa família fosse preso. E o pior: nenhuma paixão diferente da que
demonstrei quando achei que a Monarquia fosse uma saída; nenhuma ironia
diferente da que usei para apresentar um espetáculo que falava contra a ALCA; e
nenhuma indução diferente da que me levou a vociferar contra Collor (Que fique
claro: não sou tão velha, apenas comecei a incomodar cedo.).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Aliás, temos aqui outro ponto a
ser pensado: nenhuma Ditadura é igual a outra. A dos anos 60 no Brasil não
foi igual a dos anos 30 (Sim, meus amigos! Tivemos mais de uma Ditadura!).
A da Coréia do Norte não é igual à de Cuba, e por aí vai. Sendo assim,
obviamente nossa próxima Ditadura não será como a última. Aliás, Ditadura é uma
coisa que tem muito a ver com o conceito antropológico de humanidade: porque
ser igual se eu posso ser supremo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Pode ser que a coisa toda tenha
dado errado no parquinho, quando aquele amiguinho empurrou nosso filho e
orientamos a empurrar de volta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
E aí pergunto de novo: quer dizer
que se existe um discurso que contraria o meu, ele automaticamente se torna um
discurso de ódio? Se ele é semelhante ao meu, não é mais de ódio (mesmo que use
as palavras “morte”, “terror”, “tortura”, “armamento” como ameaça a alguém)?
Deste jeito fico tão confusa quanto aos 16 anos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Nos falta firmeza. Nos falta
certeza. Sempre nos faltou. E vejo isso diariamente em antigos companheiros que
ainda estão presos lá, há 20 anos atrás, xingando a mãe do Antônio Britto. Se
eles tivessem firmeza, saberiam que o ódio não tem lado e passariam a abolir ele
de seus discursos. E garanto: o ódio é tão traiçoeiro, que ele não precisa ser
exposto com palavras ameaçadoras. Ele pode vir através de palavras lindas que
carreguem confusão e distorção; muitas vezes piorando o caos já instaurado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Mas equilíbrio é uma coisa que
vem com a maturidade. E tenho visto que isso não tem a ver com idade. O jovem
desafia o mais velho até as últimas consequências. Isso acontece até com outros
animais, com o ser humano não seria diferente. Se o jovem se deparar com um
adulto inseguro, ele vai tripudiar até assumir a liderança do bando, assim como
entre leões, sabem? E só depois quando vir as responsabilidades e a
complexidade desta relação é que vai entender que ponderar é preciso. Mas para
isso ele precisa sair da Caverna. E esta última afirmação merece outro texto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
Meus filhos não se interessam
tanto por Política quanto eu me interessava na <span style="text-indent: 35.4pt;">na idade deles. Confesso que não sei se fico decepcionada ou tranquilizada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="text-indent: 35.4pt;">Sei dos comentários que virão no melhor estilo "comigo não é assim". Antecipadamente peço desculpas pela terrível mania que tenho de observar a opinião pública num raio maior do que 5 metros de distância da minha própria pessoa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
- Carol... Por que diz isso? Trocou de lado, companheira?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
- Não. Entre a Esquerda e a Direita eu escolhi ler.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijKZIRHo3ojIXOn-oY0qCfClIBQR3hiS7jK-mefx1VyaeitjPn8afhxH_cVoLwvTNg3JZLeEP1ozC0DT2nXG-j2UQ8Yo9_Zh0xhcl3aX3QfSM20ACADae7gZaZ9CUdubP5ynCIaw2AkeeJ/s1600/Greve_de_professores_porto_alegre.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="861" data-original-width="1280" height="215" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijKZIRHo3ojIXOn-oY0qCfClIBQR3hiS7jK-mefx1VyaeitjPn8afhxH_cVoLwvTNg3JZLeEP1ozC0DT2nXG-j2UQ8Yo9_Zh0xhcl3aX3QfSM20ACADae7gZaZ9CUdubP5ynCIaw2AkeeJ/s320/Greve_de_professores_porto_alegre.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Greve de professores em Porto Alegre. 1985. Foto de Luis Geraldo Melo.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<o:p></o:p></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-54488474376142489252017-09-19T13:59:00.000-07:002017-09-19T13:59:03.828-07:00Nunca quis um filho gay<div class="MsoNormal">
Quando meu filho nasceu, após sete dias na UTI Neonatal foi
direto para meu local de trabalho comigo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nas coxias de teatros meu filho conheceu os mais variados
tipos de pessoas, passou por todos os tipos de colos, e teve todo o cuidado que
elencos grandes poderiam dar. Qualquer resmungo e lá estava alguém que havia
ficado fora da cena vendo o que a “mascote” da equipe precisava.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Consequentemente meu filho cresceu tendo por brinquedos objetos
de meninas e meninas, pois vivia com acessórios cênicos nas mãos. Para ele, era
absolutamente normal minha discussão com o pai dele que havia pego meu
delineador emprestado e esquecera de devolver. Isso, porque a maquiagem nada
mais era do que um instrumento de trabalho do pai dele, e da mãe também, e que
nunca foi fator predominante para definir nosso gênero e menos ainda opções e
comportamentos sexuais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nos primeiros anos, meu filho se perdia em meio aos nossos
pincéis de maquiagem, e testava cores em nossos rostos. Sempre teve talento
para desenho, e isso se refletia nas caracterizações que criava em nós, daquele
jeito peculiar que uma criança faz.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Um dia, seu pai e eu nos separamos, nas voltas que a vida
dá. Mudei de cidade, e meu filho mudou o lugar onde ficava. Ele que nunca foi
proibido de ficar entre as meninas brincando, agora tinha restrições. E mesmo
que eu dissesse que era contra este comportamento, que acreditava que todos
eram iguais, a resposta que tinha era de que meu filho poderia entender o mundo
do jeito que ele quisesse, mas que havia coisas de homens e coisas de mulher.
Junto com sua irmã, ficou por quatro anos aos cuidados de uma família mais
conservadora enquanto eu trabalhava. E em nenhum momento vi isso como algo
negativo: meu filho precisava entender a diversidade. Precisava entender que
havia locais onde pessoas pensavam de uma maneira diferente e ele devia
respeitá-las da mesma maneira que desejava ser respeitado. Meu filho nunca foi
maltratado neste lugar, mas presenciou meninos acreditando que provavam sua
masculinidade lutando entre si não brincando com meninas. E presenciou também
meninas que acreditavam comprovar sua feminilidade costurando e demonstrando
timidez nos “bailinhos” promovidos pela família. E justamente por presenciar “coisas
de homem” passou a praticá-las.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Perguntei há pouco tempo se queria testar maquiagens em mim.
Ouvi um não bem redondo. “Mas tu sempre gostou”, retruquei. “Não gosto mais”,
ele respondeu sem jeito.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não ia insistir. Minha filha discretamente cochichou para
mim que havia visto seu irmão falando que isso era coisa de bicha, veado, gay.
E que ele não era gay. E mesmo assim deixei a confusão acontecer. Meu filho
precisava entender e lidar com a rejeição de algo que gostava por causa de
possíveis rótulos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Passei a mostrar que nada tinha de gay um homem usar
maquiagem. Ele entendeu. Fiz um esforço verdadeiro para que meu filho agisse
como achava melhor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Parecia uma busca incessante por uma identidade original
dele. Um dia me perguntaram no trabalho: “Mas e se ele for gay? Tu quer um
filho gay”?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nunca quis um filho gay. Nunca, de verdade. Ensino ao meu
filho, que agora termina sua educação moral exclusivamente em casa, pois já tem
13 anos; que ele pode dizer não para uma menina quando quiser. Quando me refiro
a um futuro onde ele terá uma casa e uma família, nunca uso a palavra esposa.
Falo pessoa: a “pessoa que viver ao teu lado”. Ensino a ele artes e outras
delicadezas. Costurar, cozinhar, limpar. Ensino tudo junto à sua irmã: além
disso tudo que falei, planejamento de carreira, educação financeira, defesa
pessoal e comportamento social.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ensino tudo isso, porque nunca quis um filho gay. Nem uma
filha lésbica. Isso porque não é um direito meu modelá-los neste sentido. Não é
meu direito de mãe torná-los homo ou heterossexuais. Para mim, de que importa o
gênero da pessoa que meus filhos escolherem para compartilhar a vida, ou apenas
a cama? O que me importa é a integridade física, mental e moral deles. E isto
independe do sexo que vierem a praticar, desde que haja respeito, educação,
cuidado e conhecimento. É isso que quero. E amor de mãe, meus amigos, é uma “doença”. E não tem cura. Ao contrário da homossexualidade, que também não
tem cura, mas não é uma doença.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Nunca quis um filho gay. Só quis filhos completos, sejam eles
como forem; e isso é um direito deles.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_OgM8YIF5uu_-ZJsug6rFwKQHSQeZ22KLt_tmPTzSYj8luyhB_6M_RwoOEdPTwSRi84M_EzsQsQPY-QyWLWiWHjK6iAm-569vP-xaO_W9j7UOdEzO5dNOE2Py9t0CI5nVu5jcMo-8qEgx/s1600/igualdade-genero-escolas-4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="900" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_OgM8YIF5uu_-ZJsug6rFwKQHSQeZ22KLt_tmPTzSYj8luyhB_6M_RwoOEdPTwSRi84M_EzsQsQPY-QyWLWiWHjK6iAm-569vP-xaO_W9j7UOdEzO5dNOE2Py9t0CI5nVu5jcMo-8qEgx/s400/igualdade-genero-escolas-4.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem extraída do Google</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-30499706841374711812017-09-11T06:31:00.002-07:002017-09-12T07:32:54.186-07:00Precisamos falar sobre o Santander<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Não apenas sobre o Santander.
Mas sobre Cultura, Arte e o verdadeiro motivo de sua existência.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Quando falamos em Cultura não
estamos falando apenas em Arte. Estamos falando em “todos os produtos
comportamentais, espirituais e materiais da vida social humana” (TYLOR, 1877). Porém,
não temos como falar em Cultura sem falar em várias formas de Arte, uma vez que
é através dela que o homem, desde sua pré-história, representa seu cotidiano.
Gravem bem estas últimas palavras.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O primeiro homem coloriu a
primeira parede de caverna com as mãos sujas, representou ali suas digitais.
Quando foi seguido por contemporâneos que aperfeiçoaram sua técnica e passaram
a ilustrar figuras de animais sendo caçados por grupos de homens, podemos
observar que a partir dali foi-se criando um padrão, uma normatividade. Ou seja,
passou a tornar-se normal homens usarem lanças ou armadilhas para aprisionar
seu alimento, pois através de gravuras podiam observar que tribos assim o
fizeram e havia dado certo. Também houve aqueles que enrolando argilas com as
mãos criavam falos para que fossem “cultuados”. Afinal, sem o falo não haveria
reprodução, embora muitas tribos ainda acreditassem que a fêmea engravidasse
quando deitada sob a lua. Quando tiveram acesso aos falos de argila entenderam
a mensagem: os filhotes vinham da relação sexual regular. Aos poucos foram
entendendo que a relação entre heterossexuais garantia a sobrevivência da
espécie. E repetiram este padrão, até constituírem família. Também refletindo
sobre as caçadas registradas nas paredes, tiveram a ideia de começar um
trabalho de pecuária. Quão arriscado era sair correndo com uma lança atrás de
um mamute, enquanto sua família o esperava? Nada além do produto da reflexão
sobre os registros de um cotidiano primitivo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A Arte sempre foi religiosa e não
religiosa também. Durante a Idade Antiga vemos representações de ritos, mas
vemos representações de cotidiano também. Ao mesmo tempo em que vemos Deuses
egípcios pintados em paredes de pirâmides, vemos também calendários e
descrições de colheitas. Vemos na Grécia Deuses que mostram o padrão de corpo
belo para a sociedade grega, e vemos também afrescos mostrando festas,
esportes, contos. Vemos escritos em alfabetos que ainda passariam por muitas
mudanças a escrita de músicas, mitos, lendas, poemas. Todos registros de como
as diversas civilizações em ebulição se comportavam. Qual cidade nunca quis ser
modelo em educação como Atenas, ou modelo bélico como Esparta? Sem estes registros
não iria querer, não haveria tal conhecimento. Aqui abrimos um parêntese: “Entre
nós reviva Atenas para assombro dos tiranos. Sejamos gregos na Glória e na
virtude romanos”. Isto lembra alguém? Pois aqui começa nossa jornada. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A bela arte greco-romana foi
contraventora. Quando? Quando aqueles que deram continuidade à organização
social entenderam que o corpo humano era algo pecaminoso. Não estamos aqui
falando da Idade Média de maneira pejorativa. Isto é História. Houve proibições,
condenações, mas houve também registro artístico. Um registro adverso ao
anterior, mas havia. Um período em que a figura humana podia ser retratada,
desde que sem movimento, sem forma realista, sem perspectiva angulosa e de
profundidade, tudo afim de evitar a visualização de vergonhas, pois isto
poderia estimular o espírito pecador humano. Como estudamos (aqueles que
estudaram a respeito), podemos observar que de nada isto adiantou. O espírito
pecador continuava vivo. Assim como o espírito da ignorância, da privação, da miséria.
Mesmo com uma arte manipulada para dizer apenas o que os mais fortes queriam
tornar padrão entre os mais fracos, para que seus feudos continuassem organizados
à sua maneira, o comportamento humano continuava humano. Mesmo com
perseguições, o comportamento humano continuava humano. Os pênis continuavam
existindo, as vaginas continuavam existindo, felações continuavam existindo, a
pedofilia (infelizmente) já existia e continuou existindo, a zoofilia
(infelizmente) já existia e continuou existindo, o incesto já existia e
continuou existindo. Até mesmo outras religiões já existiam, e continuaram
existindo. Mesmo com uma arte que passava por uma censura muito mais rigorosa
que em qualquer outro tempo o comportamento humano continuava existindo.
Inclusive entre aqueles que mantinham o poder em suas mãos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Até o dia em que Giotto começou a
humanizar seu trabalho e foi seguido por outros artistas que vieram
gradativamente ressuscitando as belas artes greco-romanas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Quem não admira as obras dos
quatro maiores artistas do Renascimento? Que belos quadros, afrescos,
esculturas, murais nos deixaram! Tudo isto contraventor. Tudo isto foi um
escândalo. As transparências nas roupas, as formas, a luz, a perspectiva, o provável
sêmen que Michelangelo usava em suas tintas para garantir fixação. Estudavam cadáveres
às escondidas, temerosos de uma perseguição implacável. Neste período podemos
ver a ascenção dos retratos. Quase sempre manipulados. Pois como nem sempre o
retratado podia ser um exemplo do que era belo, um Photoshop manual era ali
aplicado e estava resolvido o problema, mantendo assim cabeças sobre pescoços e
a pele longe do fogo. Mas isso sim é bonito. Mesmo assim, através destas obres
podemos conhecer a vaidade humana, um comportamento em voga na época.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A Arte não retrata absolutamente
nada que não exista. Mesmo que seja um sonho de Frida Kahlo. Existe. É um
sonho. Que seja um relógio liquefeito (talvez nossa modernidade líquida, como
Bauman chama) de Dalí. Existe. Ainda é um relógio. Que seja o Minotauro de
Picasso. Minotauros podem não existir, mas o mito existe. Seria um ato de
zoofilia grego o que gerou o mito, e que até Monteiro Lobato recontou para
crianças?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Partindo deste pressuposto, se
substituirmos ovos e galinhas por arte e comportamento a pergunta se torna bem
mais simples de responder. Uma vez que a arte reproduz algo que já existe,
seria mesmo possível que a arte “incitasse” algum comportamento?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Ou estamos diante novamente do
comportamento humano que prevê a acusação de um terceiro quando a culpa é
minha? Sempre precisamos de uma “bengala” para nos apoiarmos em alguma
contravenção.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Estamos diante de uma sociedade
em que toda vez que a frase “a Arte não é moral nem imoral, mas amoral” de
Oscar Wilde é citada, tal citação tem que ser obrigatoriamente acompanhada de
explicações profundas sobre linguagem. E podem acreditar: o papel da Arte é ser puramente amoral, para que assim possa incomodar, tirar o expectador de sua zona de conforto. Este é um conceito que aprendemos no ensino fundamental, nas primeiras aulas de Educação Artística. Mas talvez não tenhamos prestado atenção, pois jogávamos um gouache qualquer no papel para termos nota e presença no final do trimestre, e entregávamos nas mãos do professor "tri louco" que nunca era levado a sério.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Sejamos sensatos. O problema
nunca será o artista. Será a sociedade que ele retrata.<br />
Por que ao contrário de
condenarmos um artista, como se tudo o que ele retrata fosse fantasia dele,
criada exclusivamente por ele para manipular uma sociedade já adoecida; não criamos debates em torno
do que ele retrata, e encontramos assim soluções para que estes elementos não
precisem mais ser retratados? Por que não entendemos a arte como um manifesto,
como uma ferramenta de reflexão? Seria mais confortável continuarmos então com
o ufanismo de Ary Barroso e seu país perfeito (isso era real?).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Um museu fechou uma exposição. Estão quase todos satisfeitos. As crianças que se prostituem nas estradas
continuam ali. Os animais subjugados por seu “proprietários” continuam ali. Os
religiosos (sejam cristãos ou não) que usam de uma moralidade criada para
subjugar alguém seja social ou sexualmente continuam ali. Mas a exposição está
fechada, e nossas crianças continuam tendo nojo do próprio corpo enquanto fazem
suas descobertas (abusadoras ou abusadas) escondidos atrás do muro da escola,
pois falar sobre o assunto é feio. Grande vitória de nossa sociedade. A exposição fechou. Viva!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Agora, falando em primeira
pessoa: Podem acreditar, eu não gostei de escrever isso. E nem toquei no assunto de classificação indicativa, que proporcionaria aos pais e responsáveis por menores de idade o exercício do livre arbítrio em levar ou não sua família a um ambiente artisticamente contraventor (Porque sim, se é um direito do artista retratar, é um direito do expectador não assistir.). Queria mesmo escrever
sobre uma sociedade onde todos são dignos e se respeitam. Em que todas as obras
de arte são belas. Tão belas quanto os panfletos que recebemos na rua, onde
crianças brincam com tigres em um campo verdejante sob um céu com arco-íris,
enquanto seu pais sorriem para elas. Mas artista que sou antes de qualquer
outra coisa que eu seja, precisava escrever sobre o que existe. Sinto muito, de
coração.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 35.4pt;">
Caroline Garcia – Atriz, Jornalista, Pós Graduanda em Gestão Cultural.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje-DQNRnqvpNnt0H3YUOCW-8YJnc5eGwVqdGmeLJKHBd15meoi6qeafGnJ36Te3eNCqekqAZ6TYWMggvC5Zu0J2YoQ3a-oKaVURiEyMpOQ-bzo2REwpiTZmyW_C_2Yt-2Tkqacnekps4-f/s1600/23580164.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="426" data-original-width="640" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje-DQNRnqvpNnt0H3YUOCW-8YJnc5eGwVqdGmeLJKHBd15meoi6qeafGnJ36Te3eNCqekqAZ6TYWMggvC5Zu0J2YoQ3a-oKaVURiEyMpOQ-bzo2REwpiTZmyW_C_2Yt-2Tkqacnekps4-f/s400/23580164.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem: Tadeu Vilani/Agência RBS</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-83662566539130032172017-04-27T06:31:00.000-07:002017-04-27T06:31:01.859-07:007 motivos para uma greve geral não dar certo no Brasil<div class="MsoNormal">
1 – Você está pensando em aderir à greve. Mas vai até a
empresa de iniciativa privada onde trabalha para dar uma espiada e ver quem
está por lá. Alguns colegas seus bateram o ponto e estão em seus postos. Você
lembra da fila do Sine e resolve bater seu ponto também. Quem se arriscaria? Se
a empresa toda não parar por um motivo legitimado o empregador pode tomar a
providência que quiser (estou errada?)!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
2 –Nos anos 90 teve uma greve de ônibus tenebrosa na minha
cidade, onde tinha até motorista e cobrador deitados na frente do portão
impedindo os colegas de saírem com os carros, montaram até uma rádio interna na
empresa. Durante este período até caminhoneiros com carros para carga animal
lucraram cobrando o mesmo valor da passagem para levar os trabalhadores até seu
local de trabalho... nas mesmas caçambas utilizadas por vacas e cavalos (não ao
mesmo tempo).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
3 – Estamos diante de mais uma tentativa de Greve Geral, envolvendo
o transporte coletivo municipal e intermunicipal; e pelo o que um colega me
informou, houve um baita crescente de cadastramento de Ubers nos últimos dias.
Preciso dizer mais alguma coisa?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
4 – As empresas se prestam a ressarcir os colaboradores
quando precisam usar táxis, lotações, ônibus alternativos e estas coisas quando
os rodoviários param.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
5 – A palavra Corrupção parece ter virado, para uma grande
parte da população, um substantivo para descrever qualquer insatisfação (Imagina
que lindo: você chega em casa, dá de cara com sua esposa, no sofá com o amante.
Grita “Que corrupção é esta”? E joga o sofá fora.). Toda esta confusão, é
claro, iniciada lá por aquela preguiça de procurar palavras no dicionário nas
séries inicias da escola. Um adendo: “Vou deixar meu carro aqui na vaga dos
idosos mesmo, pois o protesto é muito importante e não tem onde estacionar
perto. A corrupção não pode continuar e não vou deixar barato”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
6 – Você já leu a trilogia 1808, 1822 e 1889? Leia e
voltamos a conversar. Não vou escrever o sexto motivo sem termos embasamento
para lê-lo. Mas envolve fazer com que uma pessoa acredite piamente que uma
decisão é legitimamente sua. Se você era adulto em 1992 (o que confesso que não
era, mas sempre fui uma criança muito observadora) também vai entender a deixa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
7 – Estamos no Brasil, lembram?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdszcgwk0Fs3Jl1zapSxT81X9bfHsmbjyju4CxOFJm00M0_qfP5xrp3IOIXKP-9uZ4VpoeoVU0E4nZJpAZd66GokNVCGOG_t6hXJ25FpHgquQccU0kH_rCltuxBgGhKeQZYFWbB08PFvTP/s1600/greve1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="195" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdszcgwk0Fs3Jl1zapSxT81X9bfHsmbjyju4CxOFJm00M0_qfP5xrp3IOIXKP-9uZ4VpoeoVU0E4nZJpAZd66GokNVCGOG_t6hXJ25FpHgquQccU0kH_rCltuxBgGhKeQZYFWbB08PFvTP/s640/greve1.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-66997765015423538012017-03-06T06:30:00.002-08:002017-03-06T06:32:57.015-08:00Semana da mulher: Dia 1 – sobre perpetuação<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ontem à noite, estive em uma festa de aniversário de uma
querida amiga, cigana, que recebeu ciganos e gadjos em seu lar. Um clima
agradável, uma energia boa, risos. Momentos ótimos compartilhados com amigos.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mulheres ciganas e não ciganas dançavam livremente (Confesso
que fiquei mais ao lado dos cantores que das dançarinas, porque comecei a ter
uma grande cólica – Mioma. Uma praga. –. Daí também me dei por conta de que
minha mania de fazer de tudo um pouco pode ser vantajosa às vezes.).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Ao voltar para casa, lembrei que hoje era o primeiro dia de
aula da minha filha. Que está em uma escola separada do irmão, homem e mais
velho. E lembrei também que no ano passado um menino que gosta de se meter a
valentão com as meninas, especificadamente com as meninas, ameaçou “arrastar a
cara dela no asfalto” se ela dirigisse o olhar a ele novamente. Também lembrei
que ela peitou o menino, e com as palavras dela, se escorou na mesa dele e
disse: “Olha aqui, fulano. Não sei qual é o teu problema. Mas a gente tá aqui
pra estudar, e não pra ficar se ameaçando. Eu queria ser tua amiga, mas pelo
jeito tu não quer. Então tu me deixa em paz e eu te deixo em paz. E se tu não
fizer isso, vou chamar minha mãe. E se ela tiver que resolver do jeito dela, tu
não vai gostar”. A mãe. Ela ia chamar a mãe. Com um irmão e um padrasto em
casa, ela resolveu avisar ao menino que a mãe dela daria um jeito. E sim, eu
daria. E sim, eu sei que ele não ia gostar, porque meu jeito ia ser dado junto
à mãe dele, e não com ele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mesmo assim, chamei minha filha no meu quarto. Ela ainda
vestia as roupas “super femininas” que usamos em nossas festas. Uma volumosa
saia amarela e uma blusa com babados. Os cabelos adornados com uma rosa amarela
presa ao lado da cabeça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Só que no dia a dia, minha filha usa um piercing de septo
falso (ela tem 11 anos), batom preto, vermelho, roxo, azul, o que ela quiser,
pois usa batom rosa e vestidinho de renda com tiara de florzinhas também. Posso
afirmar que ela é uma pequena mulher empoderada esteja em um âmbito mais
tradicional, ou em qualquer lugar, cada lugar do seu jeito. Para mim, poder de
verdade é tu conseguir transitar em todos os meios e ser respeitada em todos
eles do mesmo jeito. O problema é que a decisão de empoderamento dela foi
minha. Talvez não seja problema. Conduzo de uma maneira muito realista. Quer
usar shortinho? Vai acontecer isso e aquilo. Vivemos numa sociedade doentia,
mas não podemos nos tornar doentes por isso. Só tem que ter força para encarar
os fatos. Hoje é arriscado o simples fato de sair na rua, sejamos mulheres ou
homens, com short ou burca a ameaça vai ser a mesma. Quer frequentar ume festa
numa comunidade que tem hábitos milenares? Vai respeitar os hábitos milenares,
pois tu não gostaria que desrespeitassem tua casa. E era isso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mas nossa conversa não foi exatamente sobre isso. Foi sobre
ser educada com as pessoas. Se perguntarem seu nome, responda. Se te derem bom
dia, responda. Se te mandarem a merda, responda se te ofendeu, mas não precisa
alterar o tom de voz. A vontade era de dizer para ela enfiar a mão na cara de
alguém, mas não posso. Já expliquei que isso deve ser feito apenas em situações
extremas de agressão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Porém, fico me perguntando o que seria uma situação extrema
de agressão. Físico/corporal? Ora, convenhamos. Já estamos cansados de saber
que não é só isso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Aí depois de todo este turbilhão na minha cabeça, chega a
pérola do meu marido: “Sabe cara de paisagem? Tu tem que fazer cara de
paisagem. Faz de conta que não está ali. Não é ignorar. É parecer que não está
ali”. Então era esta a solução? Ser invisível? Como uma menina que ouve há 11
anos que não devemos ser apenas mais uma pessoa no mundo, que devemos lutar
pelos nosso espaços e objetivos de vida vai ficar invisível?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Estava muito cansada para dizer alguma coisa. Na verdade,
confesso que na maioria das vezes não sei o que dizer. Digo muita coisa, mas
sempre sem a certeza de estar correta. Que bom seria se tivesse um manual de
instrução para a vida. Principalmente para criar uma mulher. Um dia me disseram
que era mais fácil para mim lidar com minha filha do que com meu filho, afinal
era mulher também. Nunca ri tanto de uma piada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A questão é que fomos dormir e a segunda-feira amanheceu. E
com ela o pesadelo de saber que minha filha iria para uma escola onde passa a
manhã inteira ao lado de um indivíduo de 13 anos (repetente) ameaçador.
Sozinha, sem o irmão (homem e mais velho, lembram?), que em tese poderia defende-la.
Mas ok. Meu marido levou-a até a escola e me ligou, colocando-a a falar comigo,
para confirmar que estava tudo bem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Foi depois disto que minha mente deu um nó. Vesti uma saia
longa, uma blusa comum com rendas nos ombros. E fui para o trabalho. Meu marido
sempre me acompanha no trecho, e eu sempre questiono o comportamento dele, pois
sempre afirmo que sei me cuidar sozinha, ainda mais em um trecho que três
quadras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Eis então que caminhando sozinha, aleatoriamente olhei para
um homem que estava sentado em um degrau, tomando um copo de café. Ele me olha
e diz: “que coisinha linda”. O cérebro é algo muito, mas muito rápido, e meu
começou a fazer perguntas enquanto eu dava apenas um passo:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Será que na cabeça dele isso é um elogio?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Será que na cabeça dele este ato é um direito dele, por
ser apenas um objeto?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Porque isso não acontece quando meu marido está junto?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Volto e chuto o café na cara dele, aproveitando que ele
está bem na altura do meu joelho?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Grito um desaforo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">- Respondo que sou grande demais para ser chamada de
coisinha?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-size: 11pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mas apenas continuei caminhando. Estava meio
perplexa. Acabei optando pela invisibilidade.</span></span><br />
<span style="font-size: 11pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKwvbt8WFdNTl3tnEVW7fTV7a4lMHSif5rmj5blXbxoewkI9rJuUwlhnfBeESck6ZxJKh-PRu8hLK_LjCsirF2HJW5z6jlGtZdr4ijPnILiePbXomQeDxBd8R-s_mDfLrzA3RdsV7b-hAC/s1600/invisibilidade.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKwvbt8WFdNTl3tnEVW7fTV7a4lMHSif5rmj5blXbxoewkI9rJuUwlhnfBeESck6ZxJKh-PRu8hLK_LjCsirF2HJW5z6jlGtZdr4ijPnILiePbXomQeDxBd8R-s_mDfLrzA3RdsV7b-hAC/s400/invisibilidade.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-size: 11pt; line-height: 107%;"><span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></span>Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-28679803293949503902016-11-30T04:34:00.001-08:002016-11-30T04:38:32.883-08:00Escolhi minha família<div class="MsoNormal">
Ontem o dia amanheceu esquisito.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Estava um pouco alheia aos acontecimentos, pois me vesti
apressada para ir ao trabalho e nem assisti o telejornal da manhã como costumo
fazer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas o mais esquisito foi chegar ao jornal <a href="http://www.correiodopovo.com.br/"><span style="color: blue;">Correio do Povo</span></a> e
ver um colega da editoria de Esportes, que geralmente chega à tarde (jornal que
se preze fervilha à tarde/noite, principalmente a editoria de Esportes) entrando
apressado para dentro do prédio. Senti que algo havia acontecido. Mas não sabia
que era tão, mas tão grave (e dolorido).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Os fatos que se sucederam no dia de ontem dispensam
descrições. Meus colegas que encararam a redação (e por isso às vezes digo que
são mais corajosos que eu) já o fizeram. A perplexidade em saber que a maior
parte das pessoas que nos deixaram são jovens, muito jovens. A revolta em ter
sentido alívio quando encontraram mais um sobrevivente, e este alívio ser
seguido da informação do desencarne de mais um que poderia ter sobrevivido, mas
não conseguiu, mesmo tentando bravamente até o fim. A tristeza em ver um
goleiro de 24 anos perder uma perna, seguida da dualidade empática com a mãe
dele: no lugar dela, preferia ter meu filho de volta, mesmo que sem um pedaço
do seu corpo, e isso me deixou por alguns segundos feliz por ela.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Chegou um momento do dia em que disparei na linha de tempo
de uma rede social do colega que vi pela manhã “Que pesadelo é este”? Não há
outra palavra. Era um pesadelo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Colegas que perderam colegas, famílias que perderam filhos,
filhos que perderam pais sem nem ter podido olhar seus rostos físicos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
À tarde, participei de uma reunião que durou algumas horas.
E esqueci meu celular na bolsa enquanto isto. Quando saí, havia duas chamadas
perdidas do número dos meus filhos. Foi como se eu entrasse num buraco negro.
Parece trágico pensar que poderia ter sido uma última tentativa de contato?
Talvez. Mas não há como não pensar nisto num dia como ontem. O céu se abriu
quando ouvi a voz do meu primogênito: “a gente ligou pra saber se tava tudo
bem, tu parecia estranha no almoço”. Óbvio. Imaginem como estava minha cara o
dia inteiro, mesmo não trabalhando em cobertura nenhuma.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Nestas horas parece que toda nossa vida passa à nossa
frente, mesmo que a morte não esteja diante de nós. Lembrei de quando decidi
pelo Jornalismo. Pela paixão por zonas de conflito. E de quando meu marido, meu
incentivador e embarcador de todas as minhas canoas (furadas ou não) me
presenteou com a matrícula em um curso que a Polícia Civil dá para jornalistas
que desejem se especializar na função. Lembrei de quando justamente na semana
em que começaria o curso um colega do Rio de Janeiro morreu porque seu colete a
prova de balas estava danificado e não deu conta de um ataque durante uma
cobertura. E então lembrei do meu recuo. E recuei porque naquela hora só
pensava nos meus filhos, no meu marido, nos meus pais. E que poderia ser eu
naquele morro. Foi então que escolhi a Gestão de Comunicação e a Cultura.
Trabalhei minha vida inteira na área cultural e confesso que nem sei se saberia
fazer outra coisa, assim como tem sido minha relação com a Gestão. Acho que
nunca mais conseguiria escrever uma reportagem às cegas sem pensar na parte
administrativa da publicação de meu produto. Então me lembrei de outra
situação. Os colegas franceses (de redação, de gestão, de suporte) que perdemos
há pouco tempo num ato covarde de terrorismo. Eles não estavam em um avião. Nem
em campo de combate, nem em morro. Estavam em suas mesas de trabalho exatamente
como estou todos os dias. E tinham deixado suas famílias em casa para mais um
dia dedicado a informar tantas outras famílias seja através de críticas, seja
através de notícias, seja gerindo uma publicação, mas informar. E lembrei de
novo dos meus colegas, tão próximos no dia de ontem. E que haviam perdidos
colegas, ex-colegas e amigos, mas não abandonaram o posto. Alguém precisava
informar o que estava acontecendo em meio àquele turbilhão. E eles estavam lá,
em pé. Mesmo sabendo da “baixa” de um ex-colega que havia virado amigo (do qual
nunca fui próxima, mas confesso, me choquei ao ver as imagens de seu rosto
jovem entre as vítimas). Não costumo citar nomes, mas se ontem me perguntassem
nomes de heróis eu responderia Carlos Correa, Tiago Medida (por serem mais
próximos a mim) e os tantos outros que trabalharam incansavelmente ao mesmo
tempo em que <a href="http://www.correiodopovo.com.br/Esportes/Futebol/2016/11/604226/Laion-Espindula,-o-reporter-alegre-e-querido-por-todos,-como-a-Chape"><span style="color: blue;">sentiam a perda</span></a>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Porém, depois de tudo isto, o que me importou de fato (e não
tenho vergonha de assumir-me egoísta) foi chegar em casa, tomar um chimarrão
com meu marido na praça e ver meus filhos correndo. Voltar, cozinhar o
Yakissoba de legumes que eles tanto gostam e depois de ter chorado assistindo
os (também colegas) jornalistas do Jornal Nacional homenageando os seus contar
para meus filhos sobre o dia em que recuei da Redação. E que hoje sei, não me
adiantaria de nada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eles precisavam ouvir que a mãe deles recuou não por
covardia, mas por eles. Não ouviram isto para que se sentissem culpados por
terem interrompido os sonhos de uma jovem jornalista. Mas ouviram para que
soubessem da importância deles, aconteça o que acontecer, já que estamos em tempos
tão estranhos:</div>
<div class="MsoNormal">
- Escolhi minha família.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHq5UuMOAaxMpEUeNN0jNDMVBb681HS5xN8oG110X7aTvpRT5WAGfbOz2SEBlBihOgWhuESdLgVFlSJRjbADv6ZVVPx_0FdCekFUdSlIDVjx878sGWOMpqW1ENM7eytHq-0PAo8VDsfRga/s1600/Chape.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHq5UuMOAaxMpEUeNN0jNDMVBb681HS5xN8oG110X7aTvpRT5WAGfbOz2SEBlBihOgWhuESdLgVFlSJRjbADv6ZVVPx_0FdCekFUdSlIDVjx878sGWOMpqW1ENM7eytHq-0PAo8VDsfRga/s400/Chape.jpg" width="365" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Esta foto que ilustrou a capa do Correio do Povo de hoje foi feita pela equipe da Rádio Caracol, Colômbia. Uma imagem simples, isolada e triste, filtrada pelas lentes de quem teve que ver este momento num todo, com a força de quem está trabalhando. Lembre disto quando falar em sensasionalismo e leviandade.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-53260309442759264102016-07-04T18:29:00.001-07:002016-07-04T18:29:47.753-07:00Por que não acreditar no Criança Esperança?Ok, vamos começar do começo. Já aviso que este post contém palavrões.<br />
<br />
A Globo foi acusada de sonegação de impostos, o salário anual de alguns apresentadores supera a arrecadação anual do projeto, o trabalho todo é baseado nas doações de outras pessoas e entidades, fazendo com que a emissora em questão receba benefícios como isenção ou descontos em determinados impostos “às custas dos outros”.<br />
<br />
Beleza. Concordo, inclusive.<br />
<br />
Mas vamos tentar enxergar por outro lado? Por exemplo: quem me conhece sabe que trabalho com uma parte meio fora do comum na Comunicação. Sou um dos responsáveis por agregar valor a um dos maiores produtos de comunicação do meu Estado. E confesso; não é um trabalho fácil.<br />
<br />
E muitas, mas muitas vezes pensamos em projetos que tem cunho social. Projetos que vão beneficiar muitas outras pessoas. Mas que temos que colocar em prática com outros parceiros que poderão auxiliar de uma maneira ou outra, pois não temos como pagar algumas contas sozinhos.<br />
<br />
“Ah, Carol, mas o faturamento da Glob”... Pssssssht! Eu não tenho uma cópia do relatório de faturamento da Globo nem você tem. Pessoas, entendam de uma vez por todas que os grupos de comunicação vivem de ilusão. Isto mesmo! Pura ilusão. Totalmente besta isto, mas é ilusão. Sabe aquela tinta acrílica dourada e marota que passam por cima dos altares barrocos na restauração? Pois é.<br />
<br />
Desculpem se decepciono vocês, ainda mais por estar me colocando como se defendesse um grupo que é concorrente daquele para o qual eu trabalho. Mas a grande questão é que não estou defendendo porra nenhuma.<br />
Só estou questionando o seguinte: por que raios é tão condenável usar a própria imagem para arrecadar doações e conscientizar os serumaninhos da existência de outros serumaninhos? Gente, o Sérgio Zambiazi fez isto a vida inteira e é um ícone do rádio gaúcho! O Zambiazi podia comprar quantas cadeiras de roda quisesse, tenho quase certeza disto, mas ele preferiu fazer melhor que isto, ele preferiu fazer com que seus ouvintes percebessem a presença do outro. Não esqueçam que empresas de comunicação continuam sendo empresas e devem se autossustentar como tal. Ah, e não esqueçam também: a imagem é um produto. E se estou cedendo gratuitamente a minha, isto é filantropia sim.<br />
<br />
“Ah, sim, né, Carol! Gozar com o pau dos out”...<br />
<br />
É, é mais fácil sim. <a href="http://redeglobo.globo.com/criancaesperanca/noticia/2016/07/confira-o-filme-criado-e-produzido-pelo-vencedor-do-reality-click-esperanca.html"><span style="color: blue;">E criticar o pau dos outros sem ter visto o estrago que ele pode fazer também é fácil demais.</span></a><br />
<br />
Acha que o Criança Esperança é balela, auxilia poucos jovens e é apenas uma máscara de boa moça para a Globo? Também acho. Mas e o seu projeto? O que você fez por estes jovens?<br />
<br />
É muito bonito duvidar de um projeto social e fazer absolutamente NADA para mudar a realidade à sua volta. Assim protestar é ser apenas mais um rebelde sem causa, infantilóide, mimado e cegueta diante deste mundo de merda em que somos obrigados a ver crianças vivendo situações que talvez nem nós adultos suportaríamos. Ou seja: não vale.<br />
<br />
Se eu doei algo para este projeto?<br />
<br />
Não. Desconfio do mesmo que você; por isto eu mesma proponho debates à minha volta e entrego minhas próprias doações (desde brinquedos até meus próprios cabelos, se querem saber). Mas com muito respeito. Acima de qualquer coisa, respeito.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/kaWUyiMSrV0/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/kaWUyiMSrV0?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br />Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-29816308819858968652016-06-30T14:36:00.000-07:002016-06-30T17:44:32.137-07:00E se... Game of Thrones fosse exibida em TV aberta no Brasil?Vocês já pararam para reparar que patacuada as emissoras brasileiras fazem com os títulos de filmes, série, seriados e seja lá que programa "importado" for que comprem para exibir?<br />
<br />
Tipo... "Batalha dos Confeiteiros" (The Cake Show), "Breaking Bad - a química do mal" (Braking Bad), "Bake Off Brasil - Mão na Massa" (Bake Off Brasil, ou Itália, ou Inglaterra, ou...), "Rush - No limite da emoção" (Rush), "O galinho Chicken Little" (Chicken Little) ok, as distribuidoras cinematográficas também ajudam, né?).<br />
<br />
Olha que corremos um grande risco: o de que Game of Thrones, que segundo a produção acaba em 2018 seja "importado" para cá (Gente, lembremos de "Roma", "Pilares da Terra", "Julio Cesar", "Sleepy Hollow" e sabe-se lá mais o que. E ignoremos o formao Big Brother.).<br />
<br />
Estava cá pensando com meus botões: como cada emissora de TV aberta se comportaria. Até planilhei! Só não disse nada da Rede TV, pois fiquei em dúvida se a Daniela Albuquerque faria uma abertura, ou o João Kleber ficaria gritando enlouquecido sobre "quem ia morrer neste episódio de hoje", ou "que segredo era guardado pela mulher vermelha". Uma coisa é certa: Luciana Gimenez certamente iria promover debates com subcelebridades enriquecidos com desfiles de lingerie inspiradas nas personagens da série.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEip2gBHiHAxD2iRz9R66DD74JCoGCmFR46x8Xahe_4QKXeEBvhtM71ELG2UoHq3_73AyiuHob0gESyX-D7xKWtUAh3lzTAbz2sVgLcE-yacx2Jd-Zj1mBpKrNSXmRtzRlIsIUlkfcMkzaQB/s1600/gotbrasil.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEip2gBHiHAxD2iRz9R66DD74JCoGCmFR46x8Xahe_4QKXeEBvhtM71ELG2UoHq3_73AyiuHob0gESyX-D7xKWtUAh3lzTAbz2sVgLcE-yacx2Jd-Zj1mBpKrNSXmRtzRlIsIUlkfcMkzaQB/s1600/gotbrasil.png" /></a></div>
<br />Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-84582001503390079032016-06-28T06:04:00.000-07:002016-06-28T10:40:08.242-07:00Precisamos falar sobre Velho Chico (E sua possível rejeição)<div class="MsoNormal">
No dia em que o primeiro capítulo de <i>Velho Chico</i> foi ao ar,
lembro que fiz textão no Facebook. E neste textão uma previsão catastrófica que
está se concretizando, infelizmente. Deveria estar feliz por mesmo após seis
anos longe da roteirização ou direção de espetáculos não ter perdido o faro com
o público. Mas não estou. Nem um pouco.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Estou sim, desiludida. Ao mesmo tempo em que acreditei que a
Globo, com seu poder de persuasão em horário nobre iria auxiliar na penetração
de outros formatos de texto, atuação e até de fotografia no entendimento da “plateia”,
tirando à manobra de fórceps da erudição seletiva certas práticas cênicas;
tinha a certeza de que o público seria resistente. E está sendo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Muito bem, meus senhores. <a href="http://otvfoco.com.br/por-falta-de-repercussao-velho-chico-pode-ser-cancelada-na-globo/"><span style="color: blue;"><i>Velho Chico</i> parece estar correndo o risco de ser encurtada</span></a>. Graças à sua falta de músicas populares com refrões
repetitivos e sem nexo, bordões óbvios e cenas de sexo gratuito. Pelo amor de
todos os deuses, quando sonharíamos que uma novela da Globo teria um poema de
Gregório de Matos musicado em sua trilha sonora (e primorosamente encaixado na
realidade expressa no texto)?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Lembro como se fosse hoje, em meio às risadas por ter visto
os pelos pubianos de Santoro (Poxa, qual adolescente dos anos 1990 não esperou ansiosamente
por isto?), que lembrei do quão significativas eram as manifestações sexuais
entre sua personagem e a de Carol Castro. E sem levar em consideração o
contexto histórico do período de liberação sexual e o “desenfreamento” de Afrânio
(que mais tarde viria a antagonizar com o conservadorismo que assumiria ao
encarnar o papel de Coronel Saruê no lugar do pai – o que aliás reflete a sucessão
rural tão forte em certas regiões do país), ouvi pessoas próximas a mim
desistindo de assistir à novela por que só mostrava “putarias”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Dei muitas risadas com dona Encarnação chamando a nora de “Gitana”
fonetizando com “J”. Clara referência à ignorância causada pelo isolamento
cultural de certas camadas da população que ainda assim se enche de razão. E se
Selma Egrei é cansativa, arrastada e irritante, louvores a ela: de que valeria
meses de laboratório se não para fazer com que o público sentisse por ela asco
que parte das outras personagens sentem?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E chorei copiosamente enquanto o padre Benício rogava a Nossa
Senhora que desse sabedoria a Santo e Tereza para administrar o amor que sentem
um pelo outro. O quanto isto acontece em nossas vidas? Seríamos nós aptos a
aceitar apenas o que fantasiamos como amor e não o que acontece todos os dias em
consequência do amor? Parece que apenas quem amarga sentimentos por longos anos
e não encontra saídas entenderia o que está expresso por alí.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Seria apenas eu que entendi lá nos primeiros capítulos a alegoria
dos barcos no Rio São Francisco? Só eu senti o prazer de ter verdadeiras telas
de Portinari invadindo minha casa através da fotografia da novela? Será o pé do
Benedito que só eu entendi os elementos surreais que permeiam a trama fazendo
ela inserida em um local onde o tempo parou? Não. Isto não é possível. E sei
não ser possível porque vi alguns poucos falando exatamente isto a respeito das
intenções de Benedito Rui Barbosa (Mestre!).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>Velho Chico</i> traz a caricatura que é sim presente em nossas
vidas, traz pausas cênicas para que possamos refletir (e deglutir) acerca de
tantas informações difíceis que “pipocam” diariamente. Traz a diva Christiane
Torloni cantando despreocupadamente e naturalmente como todo ator deveria ser
permitido fazer (sem playbacks), porque ela não está concorrendo a um Grammy, mas
interpretando (E meus Deuses, como é bom ouvir esta mulher cantar deste jeito!).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Façamos um esforço e assumamos que talvez (Talvez uma
pinóia, agora minha previsão está comprovada.) o público não esteja preparado
para pensar e muito menos aceitar que (mais uma vez esta afirmação) a arte é
amoral. Na vida temos gente preconceituosa, chata, violenta, política. Temos
regiões no Brasil em que a homossexualidade é velada por conta de traços
culturais lamentáveis, mas traços culturais (E daí a tal ausência de
personagens homossexuais na trama.). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Esta é a realidade nua e crua. Aceitem se tiverem força para
isto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
(E só para piorar um pouco mais o post, deixo aqui embaixo a
oração à Santa Sara que a “Jitana” Christiani Torloni conduziu de uma maneira
que eu nem sei descrever – e olha que eu nem paro para olhar novela, hein?)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/XxiRQGKLsPI/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/XxiRQGKLsPI?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-77014529049495823502016-06-23T05:00:00.003-07:002016-06-30T17:45:29.474-07:00Oração<span style="background-color: #f4cccc; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Morrigan, Deusa dos conflitos; cuida dos corações aflitos.</span><br />
<span style="background-color: #f4cccc;"><br style="color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;" /></span>
<span style="background-color: #f4cccc; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Quando eu andar pelo vale sombrio, segura minhas mãos na escuridão.</span><br />
<span style="background-color: #f4cccc;"><br style="color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;" /></span>
<span style="background-color: #f4cccc; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Que o sangue que escorre pelo fio da tua espada seja derramado em nome da justiça.</span><br />
<span style="background-color: #f4cccc; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Não me deixa só.</span><br />
<span style="background-color: #f4cccc;"><br style="color: #1d2129; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;" /></span>
<span style="background-color: #f4cccc; color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;">Em meio ao mundo em que muitos temem mencionar teu nome por falta de coragem e pureza de coração, continua cantando tua canção aos meus ouvidos, pois são os brados da tua voz que me levam pelos caminhos mais tortuosos sem me ferir.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: #f4cccc; color: #1d2129; display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><br />Sê a mãe que me acolhe quando retorno do campo de batalha com vestimentas rotas e a face suja.<br />Me dá força para continuar.</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: #f4cccc; color: #1d2129; display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><br />Que assim seja.<br />E assim será.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7XTwbj7sC-M-gs6eshL5ItpMrJOWPoNGNvtabwDl31yFdn148Um2WtWv2VxlBtcotQle8YMO_8DJWSmj8g6iNEd2T93W5X0u3xMXeHPLKnnD7aNPsXQ3uyxtUE_nXN2c8QtH4CtYGiGUt/s1600/4199ca3a7346e78ef83e3dec37159e2b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7XTwbj7sC-M-gs6eshL5ItpMrJOWPoNGNvtabwDl31yFdn148Um2WtWv2VxlBtcotQle8YMO_8DJWSmj8g6iNEd2T93W5X0u3xMXeHPLKnnD7aNPsXQ3uyxtUE_nXN2c8QtH4CtYGiGUt/s320/4199ca3a7346e78ef83e3dec37159e2b.jpg" width="224" /></a></div>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><br /></span>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><br /></span>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; font-family: "helvetica" , "arial" , sans-serif; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><br /></span>Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-67968419201233371492016-05-29T07:21:00.002-07:002016-05-29T07:23:12.272-07:00Ninguém merece<div class="MsoNormal">
Crônicas da vida real:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Choque. O filho contou que havia pedido desculpas às
colegas, pois havia “mexido” com elas. Que havia se dirigido à diretoria da
escola para se retratar e pedir orientação de como agir, agora que tinha feito
bobagem e não sabia como recuperar a confiança dos colegas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Entendo. Mas foram os professores que te chamaram?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não, mãe. Foi a Julia*. Vi que ela estava falando grosso e
muito brava comigo. Dessa daí eu entendo bem a linguagem: ela estava muito
furiosa. Daí me flagrei que tinha algo errado e fui procurar ajuda.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Agora, depois do acontecimento dos <span style="color: blue;"><a href="http://oglobo.globo.com/rio/adolescente-luta-para-superar-trauma-de-estupro-coletivo-na-praca-seca-19383700?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=compartilhar"><span style="color: blue;">trinta e três</span></a> </span>do Rio de Janeiro,
novas discussões surgiram nos lares, e a compreensão sobre receios de que
durmam fora de casa, ou saiam para festas de desconhecidos finalmente parece
estar sendo entendido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E a mãe se viu no quarto sozinha com o menino que havia pedido
ajuda na direção da escola:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Mãe, menino não é estuprado?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Sim, meu filho. Homens e mulheres podem fazer estas coisas
contra alguém e sofrer este tipo de violência também.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Ah. Eu sei como se estupra um menino. Não que eu tenha
feito ou participado de uma coisa destas, mas eu sei.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Entendeu então das coisas que eu temo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Sim. Mas fico pensando: se um cara vier pra cima de mim,
consigo me defender. Mas se forem dois, não vou poder fazer nada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
(Imagina trinta e três, meu filho...)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Esta é a parte mais triste. “Não poder fazer nada”. Homens
parecem passar menos por este tipo de violência ou não denunciam, o que
atrapalha a estatística. Por isto, a consciência que nós temos é de que
mulheres passam muito mais por violência sexual do que homens.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Ô, mãe. Tem uma menina lá na escola que está me provocando.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Como assim?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Ela fica rebolando na minha frente, “sentando até o chão”
e depois empinando a bunda na minha cara. Daí eu peço licença para acompanhar a
lição, e ela debocha gritando para as outras meninas que eu estou me
controlando, como se isso fosse errado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- E tu falou para a diretora?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Sim. Ela anotou o nome da menina lá no caderno dela.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Meu filho, se tu precisar que eu vá na escola conversar
com a diretora, pode me pedir que eu dou um jeito.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Não. A professora Manuela* sabe bem ajeitar as coisas...
mas se não adiantar te chamo sim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Quero que tu entenda uma coisa muito séria: para respeitar e proteger uma pessoa, não adianta
esperar ela dizer não e parar de fazer o que se está fazendo. Vão haver
situações em que tu vai te ver sozinho com uma menina e vocês estarão fazendo
coisas que talvez ela não queira mais. É só parar também. Mas vão haver
situações também, em que ela vai te pedir para fazer coisas que tu sabe que vão
machucar ela, se não naquela hora, depois. E aí é teu papel saber dizer não
também. Por mais que seja difícil. O namorado daquela moça do Rio de Janeiro
estava com ela naquele dia. Dizem que ela se drogou, ou bebeu, não sei ao
certo. E que convidava aqueles homens a “se servirem”. Não sei se isto é
verdade. Mas se for. Tu não acha que teria sido bem diferente se o rapaz
tivesse a mandado tomar um banho e um café forte pra recobrar a consciência ao
invés de abusar da situação? Isto também é proteção e respeito.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
******<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Toda mulher já foi abusada de alguma forma.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Algumas pessoas chegam à ignorância de dizer que se alguma
personalidade chega até veículos de mídia para falar sobre o assunto é “para se
aparecer”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Sinto muito, meus amigos. Mas se todas as personalidades
femininas resolvessem falar o depoimento seria praticamente o mesmo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pode ter sido uma agressão física. Ou verbal, ou moral.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pode ter sido um abuso físico. Ou verbal, ou moral.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pode ter sido um estupro. Mas pode ter sido visual, pode ter
sido virtual, pode ter sido sem penetração.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não basta apenas respeitar o não.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Há muitos anos estamos debatendo o que é estupro ou não, o
que é abuso ou não, o que é agressão ou não.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É tão difícil assim entender que atos sexuais com uma pessoa
estando ela contrariada ou fora de consciência plena é estupro? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É tão difícil entender que tirar vantagem de alguma condição
melhor em você sobre o outro é abuso?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
É tão difícil assim entender que agressão não é só física,
mas que ofendendo verbalmente, ou desmoralizar uma pessoa também é agressão?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu já tive “nãos” ignorados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu já fui desrespeitada enquanto dormia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu já fui assediada em reuniões de trabalho (graças aos
Deuses há bons anos isto não acontece).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu já fui tocada na rua, vestida com roupas compridas,
enquanto ia ao trabalho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A vergonha é a mesma.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Hoje não é mais proibido ou repudiado ter filhas. Mas o
pesadelo continua o mesmo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
******<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Uma babá foi presa por ter estuprado uma menina de nove anos
de idade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A babá diz que a menina ameaçava ela caso não cometesse atos
libidinosos, fotografasse e armazenasse no tablete da criança.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Vai que a guria estava possuída pelo <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Exorcista"><span style="color: blue;">Pazuzu</span></a> e agora ninguém
acredita na pobre babá?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i>*nomes fictícios</i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWnNLp8_dEPO2j7zdQJRnEgCPzsCy41a7ZBcs1NHVkSuth30bUrkprQ6Hp23xM2SBbO3LFEA59XOa6So7ey2LGaJF_sWjd6UhY27TgmTesZpEpEMZ6zeKGbzeefIQMG1yCYtRxxfmX8hQE/s1600/13322149_953640411421738_6091962087107942194_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWnNLp8_dEPO2j7zdQJRnEgCPzsCy41a7ZBcs1NHVkSuth30bUrkprQ6Hp23xM2SBbO3LFEA59XOa6So7ey2LGaJF_sWjd6UhY27TgmTesZpEpEMZ6zeKGbzeefIQMG1yCYtRxxfmX8hQE/s320/13322149_953640411421738_6091962087107942194_n.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-91454449781297054232016-05-18T09:20:00.000-07:002016-05-18T09:21:43.285-07:00ConclusõesAinda sobre a situação atual no Brasil:<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A maioria deles acredita na Bíblia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Segundo a Bíblia “não só de pão o homem viverá, mas de toda
a palavra que procede da boca de Deus”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Segundo<span style="color: blue;"> </span><span style="color: blue;"><a href="https://jopiresobrien.wordpress.com/tag/alcuino-de-york/"><span style="color: blue;">Alcuíno de York</span></a> </span>(depois de tantos outros) “a voz do
povo é a voz de Deus”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E se a Cultura representa a identidade e a voz do povo, concluímos
que...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
***<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Um estupro deixa de ser provocado pela vítima quando esta
vítima é seu filho ou sua filha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Um soco vindo de um marido só deixa de ter sido provocado
por uma esposa intransigente quando esta esposa é você.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
Bandido bom é bandido morto até o momento em que o bandido
morto é seu familiar.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Ditadura só é ditadura quando contraria suas próprias
crenças.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwU0oHfp-WbvREsgmDNyI9ITlYY0num10tS6xd0xEFIBVANYk91H3wzWFVh8DbPMuLgvzbQdS81-HkH14jEULJ0Xz1aVX823ofTUljmkJhGxx5cWmJTdpynFXNGrHXTEqyce_fc_DZsL8J/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwU0oHfp-WbvREsgmDNyI9ITlYY0num10tS6xd0xEFIBVANYk91H3wzWFVh8DbPMuLgvzbQdS81-HkH14jEULJ0Xz1aVX823ofTUljmkJhGxx5cWmJTdpynFXNGrHXTEqyce_fc_DZsL8J/s1600/images.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-44529155594457945042016-05-09T17:32:00.000-07:002016-05-09T17:33:22.814-07:00Alienação parental: ela pode ser substituída!Dizem que eu sou um tipo meio estranho.<br />
<br />
Um tipo meio raro na verdade.<br />
<br />
Só porque eu chorei de emoção e gratidão quando vi minha filha agarrada à madrasta dela numa entrega de amigo secreto. e também por que nós trocamos ideias, e ainda por cima maquiagens quando tem festa de família.<br />
<br />
Também acham esquisito eu abraçar apertado e pegar no colo o irmão dos meus filhos, nascido do segundo casamento do pai deles. E ainda por cima passarmos Natais juntos.<br />
<br />
Esquisito é alienar um ser que está formando sua identidade social, isso sim.<br />
<br />
Aproveitando minha esquisitice e me inspirando nas frases que eu mesma digo, resolvi fazer uma tabela de substituições (Tipo Preta Gil, sabe?):<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo5KgDwHXL57EX6q-tSIrgvoh_jl_iaZKGbXNuRtuucRS6PeyVaRBZArgj_Z9dSJjZhmIixY0Ug3NOVTT9eEsrVW47BNeEtJRpzyNzbT7slwn_xAvHwb-UyFD020HaDy2zTuJq1723VnYg/s1600/aliena%25C3%25A7%25C3%25A3o_tab.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjo5KgDwHXL57EX6q-tSIrgvoh_jl_iaZKGbXNuRtuucRS6PeyVaRBZArgj_Z9dSJjZhmIixY0Ug3NOVTT9eEsrVW47BNeEtJRpzyNzbT7slwn_xAvHwb-UyFD020HaDy2zTuJq1723VnYg/s1600/aliena%25C3%25A7%25C3%25A3o_tab.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Acho digno e útil.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
Já parou para pensar em qual lado da tabela tu mais te refere quando fala com teus filhos, ou com o pai/a mãe deles? Já parou pra pensar que pai/mãe não tem absolutamente nada a ver com marido/mulher? E que se o casamento acabou, virar pai/mãe faz de ti parte de uma equipe vitalícia na criação de outros seres humanos?</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
E principalmente: que a alienação parental é crime e não está presente apenas na proibição de visitas, mas na influencia em destratar, desrespeitar, diminuir ou humilhar o pai ou a mãe que não mora com o filho? E o pior: não é só porque é crime que deve ser repensada. Já pensou o que se passa na cabeça dest@ filh@?</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
E agora, quem é o estranho?</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaecnMdsO-J-wsVuMIvs5e2kJkxBtTTCpzyI-QYLe9Jvm1nJxXQZDtCJN8bS1SL_zM4JwZCwO6N_U4y-osBCrR0xMGExtfA0AKn2Ft6cbLpb6vNx-nE8CHTkr31hyIoDnPmItCkxNjTsOS/s1600/ALIENA%25C3%2587%25C3%2583O.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaecnMdsO-J-wsVuMIvs5e2kJkxBtTTCpzyI-QYLe9Jvm1nJxXQZDtCJN8bS1SL_zM4JwZCwO6N_U4y-osBCrR0xMGExtfA0AKn2Ft6cbLpb6vNx-nE8CHTkr31hyIoDnPmItCkxNjTsOS/s400/ALIENA%25C3%2587%25C3%2583O.png" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div>
<br /></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-23687390148991196792016-04-21T17:16:00.000-07:002016-04-21T17:20:25.463-07:00E foi sem cuspe mesmo<div class="MsoNormal">
Escrevo este texto para amigos. Amigos que tenho visto
compartilhando em redes sociais relatos de pessoas que passaram pelos horrores instituídos
após o AI-5 ser sancionado no Brasil em 1968.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Amigos que tem exposto o relato
sofrido (não tenho outra palavra) de <a href="http://maratcalado.blogspot.com.br/2015/01/na-ditadura-brasileira-o-estupro-era.html"><span style="color: blue;">Amelinha Teles</span></a>. Tudo isto numa tentativa
vã de conscientizar os outros sobre o quão absurdo é a opinião do Sr. Jair
Bolsonaro. E já digo de antemão, meus amados: de nada adiantará, nem que a
tortura em questão fosse infligida às mães deles. Se uma pessoa chega ao
ponto de admirar alguém com este tipo de postura, teria ela o discernimento
destas coisas?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Gostaria de dizer querido amigos, que me sinto sim
desrespeitada quanto mulher ao saber que ainda existem pessoas que acreditam
ser normal o que aconteceu durante um período tão sombrio de nossa história (e
que diga-se de passagem não concordo em ser apagado de nossa memória nem com
mudança em nomes de avenidas). <a href="http://eleicoes.uol.com.br/2010/rio-de-janeiro/ultimas-noticias/2010/08/25/gabeira-diz-que-nem-ele-nem-dilma-queriam-a-democracia-pela-luta-armada.jhtm"><span style="color: blue;">Seja do lado que for</span></a>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Há anos atrás resolvi trabalhar em um monólogo que falava
sobre um caso de Síndrome de Estocolmo que ocorria num cativeiro do exército em
Porto Alegre durante a Ditadura Militar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
O texto nunca saiu do papel (quem sabe um dia). Mas para
concebê-lo, fiz laboratórios me aproximando o máximo possível daquela realidade
ouvindo e entendendo o que se passava na cabeça de pessoas envolvidas com
aquela situação. Fui em busca de pessoa que tivessem em algum momento amado um
torturador a serviço do Exército Brasileiro. E pasmem: encontrei tantas, que havia
duas no mesmo bairro. E uma das coisas que mais me chocou foi o fato de saber
que não precisava se estar em um porão para que aquela face do medo estivesse
presente na vida delas.<b><o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Esposa de um militar, mãe de quatro filhos dele, Janete*
fugiu do estado onde moravam. Ela assistiu o homem com quem trocou alianças
apaixonadamente se transformar em um monstro que descrevia em minúcias as
maiores atrocidades que ocorriam em seus plantões em uma das salas do DOI-CODI
no Rio de Janeiro. Ela sabia estar deitada na cama ao lado de um homem que
provavelmente algumas horas antes havia estuprado uma (ou um) estudante qualquer.
E passou a abrir as pernas por medo. Até o dia em que ele olhou no fundo de
seus olhos, ao ser contrariado em uma tarefa doméstica, e sussurrou por entre
os dentes “subversiva”. Na primeira oportunidade pegou os filhos e veio para o
Rio Grande do Sul. Nunca mais o viu. “Mas como, dona Janete? Como ele nunca a
encontrou”? Eu perguntei. “Acho que foi milagre, minha filha”, ela respondeu
com olhos de quem ainda lembra de cada cena.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Já Iracilde* me mostrou um outro lado. O seu esposo militar
negou-se a torturar uma grávida, e ficou preso. E ela também, só que em casa.
Com o único filho nos braços, na época com três meses. Me contou que ficavam
dois soldados em sua porta. Por dias. Não podia sair nem para comprar comida.
Um dia o bebê teve uma febre que não cedia. Iracilde gritava por socorro, pedia
remédios, pedia compaixão. Em troca, o silêncio. A febre ficava cada vez mais
alta. O bebê convulsionava. Ela não tinha mais como gritar, aquele silêncio
iria matar seu filho. Colocou-o embaixo de uma torneira fria. Ele recobrava a
consciência. Passou a noite inteira assim, alternando o banho frio com
massagens para que o menino recobrasse a consciência. A criança está viva até
hoje (é um grande amigo). Mas quando perguntei sobre o esposo, Iracilde pediu
que, por favor, não a fizesse falar mais. Respeitei. Afinal tenho meus filhos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Segui pesquisando, segui ouvindo, segui sentindo. E sem
cuspe. Quando uma pessoa concorda em falar sobre isto não há suavidade, não há
censura, não há cortes. Apenas dor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se acho que corremos o risco de vivermos novamente momentos
como este? Não exatamente. Mas confesso que tenho pânico de mesmo sendo “bela,
recatada e do lar”. Certa vez ouvi que se vivesse minha vida decentemente indo
de casa ao trabalho e do trabalho para casa nunca correria risco nenhum e a
única coisa que me veio à mente foi a imagem de Herzog: empregado, trabalhador,
afamilhado. Não é de graça. O jornal onde hoje trabalho teve toda sua edição de 20/09/1972
recolhida, e em 18/04/2016 publicou uma foto do vice-presidente brasileiro
rindo displicente na capa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Se acredito que uma cusparada resolva tudo? Não. Mas nunca
deixo de acreditar em justiça divina. E esta, meus amigos, sempre chega. De um
jeito ou de outro.<b><o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVwTwCw5aZ5QZum0J4_d09G9BObV2KAplMJDNpJvB-GUOI-1WhocbKFJarY8ynt4vPdrPny8r2uX9vgcT6N3HTkP7P46b-3LLSu2xTMeDnD8T-8sci3wxkuScnbujpYCm_W_KpCU5qDDiU/s1600/troca-de-perdigotos-na-camara-dos-deputados_680527.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVwTwCw5aZ5QZum0J4_d09G9BObV2KAplMJDNpJvB-GUOI-1WhocbKFJarY8ynt4vPdrPny8r2uX9vgcT6N3HTkP7P46b-3LLSu2xTMeDnD8T-8sci3wxkuScnbujpYCm_W_KpCU5qDDiU/s1600/troca-de-perdigotos-na-camara-dos-deputados_680527.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
*Nomes fictícios, para proteger a identidade dos envolvidos</div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-33506508302615098242016-04-08T14:52:00.000-07:002016-04-10T07:42:28.854-07:00Nunca tive medo de ciganos<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZszLpwbPBriU7z9GRVnD6GWs0o9-bup0s_eLtlAmfXjyApLAXRpDmxfNR1sU9otdysNBE_B_WyUuWvIew2lAeB8Wfy0evAQJofg0iM9XHys09Z7lTrnms_YIbqaCs6E_CuMvbOGoqF6J8/s1600/jaliska.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZszLpwbPBriU7z9GRVnD6GWs0o9-bup0s_eLtlAmfXjyApLAXRpDmxfNR1sU9otdysNBE_B_WyUuWvIew2lAeB8Wfy0evAQJofg0iM9XHys09Z7lTrnms_YIbqaCs6E_CuMvbOGoqF6J8/s320/jaliska.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Minha filha: uma pequena gadji, mas que aprende dia após dia a andar sem medo de nada, graças aos amigos ciganos que lhe ensinam tantas coisas.</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Quando era pequena, minha avó me
contou a história de Jesus. Entre todo o sacrifício e a tristeza do final, um
detalhe sempre me chamou a atenção: quando encomendaram os cravos (pregos) que
seriam usados na crucifixão, o fizeram a um grupo de ciganos, que eram os
melhores fabricantes da região. Quando souberam para que serviria o produto, os
ciganos fizeram um cravo a menos, na tentativa de fazer com que aquele homem
sentisse menos dor. Segundo a lenda, desde então, Deus teria abençoado este
povo pela sua boa intenção e compaixão. Mesmo que não tenha dado certo, pois os
romanos pregaram os pés do réu juntos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Minha família nunca disse que
ciganos roubavam crianças, ou que seriam trapaceiros. Cresci na verdade tendo
admiração por aqueles que ingenuamente tentaram minimizar o sofrimento de
alguém que como eles, fazia parte de um povo que foi e é perseguido através dos
tempos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Quando cresci mais um pouco,
estudando o espiritismo, aprendi mais uma coisa interessante: segundo os
kardecistas, os ciganos desencarnados são responsáveis por atrair as almas que
estão no umbral com sua música e dança. Assim estes espíritos que sofrem tanto
enxergam em torno deste grupo a luz da arte que emanam, e conseguem acalmar
seus ânimos diante da beleza facilitando assim o trabalho dos espíritos
socorristas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Depois de adulta, enquanto meus
filhos corriam pelo amplo terreno da casa de um amigo cigano que ao mesmo tempo
que falava comigo segurava uma filha no colo e se equilibrava pois a outra o
escalava (literalmente), aprendi mais uma informação valiosa: “nunca roubamos
criança nenhuma, Carol. Na verdade, adotávamos as crianças que ninguém queria
mais, que estavam na rua”, me disse ele muito sério. “Quando aparecia uma
criança de rua, com fome, sem roupa, sem pais, sem ter para onde ir perto de um
acampamento cigano, acolhíamos. Como iríamos devolver para as ruas? Então elas
sumiam e as pessoas na volta acusavam de roubo”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Ao ouvir isto, comecei a lembrar
de tantas histórias de moças violadas e renegadas pelos pais que fugiam com os
ciganos, ou que acompanhavam a caravana de algum circo. Ou ainda jovens que não
conseguiam viver dentro de um padrão familiar neurótico e que aproveitavam a
primeira oportunidade que tinham para seguir com este grupo acolhedor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Hoje percebo o quanto tudo isto é
triste, mas bonito. Vejo o quanto um acampamento cigano pode carregar consigo a
miséria material. O quanto algumas cláusulas de nossa Constituição não atendem
a estes <i>cidadãos do mundo</i>. Mas também
vejo o quanto me acolhem quando estou por perto. O amor que dispensam aos meus
filhos, a ternura com que tratam minha família como se fossemos da mesma
família. Sinto a paz e a energia materna quando respeitosamente cubro minha
cabeça e me coloco diante do altar de Santa Sara (que já tive a honra de
auxiliar a preparar – muito emocionada, diga-se de passagem).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">E é em torno de uma fogueira, com
os pés descalços, que sinto que minha alma se limpa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Obrigada aos meus amigos ciganos
por me ensinarem a amar, a perdoar, a me alegrar diante de tudo. Que hoje, dia dos ciganos, seja um dia para repensarmos no quanto vocês são importantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="EN-US" style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ansi-language: EN-US; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Kak Prala, stanki
nashti chi arakenpe manushen shai.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span lang="EN-US" style="font-family: "calibri" , "sans-serif"; mso-ansi-language: EN-US; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><br /></span></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/LCUv9W0ViRc/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/LCUv9W0ViRc?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="clear: both; text-align: left;">
<b><span style="color: red;">Update: </span>recebi um recado do meu amigo Emerson Guimarães Lovari (cigano, ativista em prol dos direitos desta minoria), me contando como a história dos cravos é diferente. Segundo ele "nas histórias que minha avó contava, o quarto cravo seria o ultimo a ser cravado, o prego da misercórdia, depois de muito sofrimento eles costumavam cravar na testa, e por isso usaram a lança! A história é longa, mas só para acrescentar, os pés sempre foram pregados juntos, no formato da cruz, quando o cruxificado abaixava-se, a cabeça era erguida com o quarto cravo, para que o povo(que adorava o sofrimento alheio) pudesse ver os olhos do condenado. Mais um ponto: quem fez os cravos, foram acusados de roubo, e cruxificados junto a cristesko! Na história da igreja, eram apenas ladrões, mas não esclarecem quem eram e porque foram acusados".</b></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-14102608133303211632016-03-25T20:11:00.000-07:002016-03-25T20:13:28.433-07:00"E depois a bruxa sou eu" ou "Como foi minha sexta-feira santa"<div class="MsoNormal">
Hoje era sexta-feira santa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
“Era” no passado mesmo, porque para mim o dia já acabou. Sou
daquelas que dormem cedo (a não ser que tenha uma maratona Game of Thrones lá
em casa, daí a porra fica séria).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Como foi meu dia? Bom, preparei uma lasanha de abacaxi com
(pasmem) peito de peru defumado, amanheci tendo contatos bem íntimos com meu
marido, trancei meus cabelos, me embebedei com espumante brut (a bosta tinha
graduação alcoólica de 11,5% - não me convidem para suave) e saí cantando “Hello”
da Adele em embromeixon pela casa até que me colocaram na cama. Ah, xinguei meu
gato que está impossível hoje, e meu filho teve sua aula de violão normalmente.
E ouvi junto aos meus filhos as músicas que gostamos. Também estou escrevendo
este monte de palavrões.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
-Mas Carol, é um feriado santo!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Não para mim. Eu fiz tudo isto porque eu posso. Dá licença?
Eu posso!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Posso porque fui excomungada. A meu pedido. Não achava justo
ter meu nome sendo mais um número na estatística do Vaticano se não pratico
absolutamente nenhum rito católico em minha vida. E não foi uma questão de
rejeição. Foi uma questão de respeito.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O mesmo respeito que tive quando pedi desculpas a um colega
evangélico num momento de vergonha alheia diante de uma colega
católica/umbandista que ridicularizou o bispo da igreja que ele frequentava.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Também o mesmo respeito que me levou a não comungar numa
missa festiva em comemoração a vinte e cinco anos de vida religiosa de um amigo
de longa data. Eu poderia, não há fiscais para me apontar como excomungada. Mas
porque agir como se nada tivesse acontecido? Eu não era mais a menininha de
sete anos que ele catequizou. Mas ainda somos amigos e os principais valores
que ele me passou não saem do meu comportamento.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O mesmo respeito que me impediu de batizar meus filhos na
igreja católica. Se eles nunca praticariam seus ritos até terem idade de
escolher no que acreditarem, batizá-los seria uma grande mentira, e como o
oitavo mandamento dos cristãos diz para não levantar falso testemunho, e isto
para mim inclui mentir, não mentiria a eles. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Esqueci-me de outra coisa que fiz hoje o dia inteiro. Ovos
de chocolate. Vários. Uns grandes, outros pequenos. Foram mais de um quilo de
chocolate nesta brincadeira. Se vou empanturrar meus filhos? Não (claro que eles
vão ganhar também). Mas o mais importante é que eles fizeram os ovos hoje junto
comigo. Eles vão para doação à ala infantil do Hospital Psiquiátrico São Pedro.
Preferi eu mesma fazê-los e colocar bombons bem macios para evitar riscos de
engasgos. Criança que é criança relaciona Páscoa com chocolate, e embora eu não
acredite muito nesta relação, por que não deixa-las felizes, principalmente
quando são privadas de tantas coisas?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E hoje embora tenha feito tudo que as pessoas evitam fazer
em um feriado santo me pus a lembrar da lotação dantesca do Mercado Público de
Porto Alegre nesta semana em que todo mundo procura peixes caríssimos para
comer (ainda acho que esta história de bacalhau tem relação direta com a
família real portuguesa que chegou aqui em 1808, mas deixa quieto), discute
qual vai ser o prato mais fino e qual o melhor vinho. E claro também, se amontoa
nas filas por seu chocolate. Vejo também cristão se referindo a “comemorar” a
sexta-feira santa. Oi? Tá comemorando o que, filho? A delação premiada mais
famosa da História? Gente, vi até cristão sem saber dizer se no Natal se
comemorava o nascimento de Cristo e na Páscoa a ressurreição!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Vi gente dizendo que desejava a paz mundial, mas estava
ostentando selfies lindas em Gramado. Não que uma pessoa que visita Gramado não
possa desejar a paz mundial; mas se teu desejo é este não deveria estar ajudando
pra que isto aconteça?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Vi gente que passou o ano inteiro dizendo que Jesus era seu
melhor amigo indo pra praia e servindo banquete. Darling. Se ele é teu melhor
amigo, lamento informar, mas hoje é uma data escolhida pelos cristãos para
vivenciar o luto. Neste momento, pelos teus ritos, teu amigo está morto. E tu
lá, de boas na praia? Imagina que maneiro o Samahin pegando e eu
ridicularizando o além-túmulo. Eu hein?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Depois me peguei a lembrar de outro momento. Havia saído de
um ritual de Beltane com minha família e dei lugar no ônibus a um rapaz que
estava com uma bebezinha no colo. Ao me levantar olhei para o fundo do carro e
lá estavam TODOS os bancos ocupados por pessoas com a camiseta da marcha pela
família que havia ocorrido no mesmo dia; e uma moça sentada NO CHÃO (degrau)
com um bebê no colo. Não vou falar mais nada por dois motivos: primeiro que me
embrulha o estômago. Segundo que piada explicada não tem graça.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Daí fico me perguntando que raios aconteceram com os valores
que o cristianismo pregava (Um detalhe infame que pode fazê-los cair para trás,
meus caros amigos cristãos: já estivemos do mesmo lado. Os romanos perseguiam
vocês e nós ao mesmo tempo! E por motivos idênticos.)! Nem filminho de Jesus na
TV aberta tem mais! O sentido das coisas se perdeu totalmente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Aliás, quer um conselho? Um conselho de amiga, de coração?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pega as crianças, explica o que Jesus fez na Terra, e depois
assiste “A Última Tentação de Cristo”, do Martin Scorcese (<a href="https://www.youtube.com/watch?v=0WhENwMt-LY">Sou tão gente boaque vou deixar o link aqui</a>). E aí pergunta o que teria mudado se Jesus tivesse
escolhido um caminho diferente. Não vou te mandar ler Stead, Lobo Antunes, Caldwell, Stern e Nunes. Menos
ainda debater a teoria dos laranjas (se quer saber mais daí sim, te aconselho a
procurar pelo Danillo Nunes). Seria maldade demais da minha parte.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Na verdade pensei neste textão o dia inteiro, e estou
acabando ele quando a sexta-feira santa acabou de fato. Daqui há pouco os
cristãos estarão lembrando do momento em que o sepulcro foi encontrado vazio.
Um momento fantástico da mitologia cristã.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mitologia sim. Eu posso. Se Lugh e Morrighan são ditos na
minha frente como seres mitológicos e devo encarar isto com naturalidade, eu
posso dizer isto. Juro que pelo simples fato de não ser cristã não me importaria nem em trabalhar nos feriados de vocês, desde que pudesse me resguardar nos meus - ah, esqueci, não são feriados! Mas bem que podia, né? - .<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
E não quer dizer que eu duvide da existência do Deus de
vocês, e menos ainda da do filho dele.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Que a paz esteja entre todos nós. De verdade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaFHcKaBq_8JPMm5X06z3ImjsPgtEB06CcJ3QOhYJKoZIVw1qOakGLpE2Dsk0rHimS8z_JQPUW0Sz1lxpODeM9puKVXuiQpBoBBX4RYEIS2z3X5lqW2Oh2uqCZufHDFq5NNEr8cQoKxtO9/s1600/bruxa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaFHcKaBq_8JPMm5X06z3ImjsPgtEB06CcJ3QOhYJKoZIVw1qOakGLpE2Dsk0rHimS8z_JQPUW0Sz1lxpODeM9puKVXuiQpBoBBX4RYEIS2z3X5lqW2Oh2uqCZufHDFq5NNEr8cQoKxtO9/s320/bruxa.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-42517266784315825742016-03-17T13:38:00.000-07:002016-03-17T13:38:41.702-07:00Sugestão de filme do dia: A Revolução dos BichosHoje a visita ao Blogspot é curta.<br />
<br />
Apenas convido: assistam e tirem suas próprias conclusões.<br />
<br />
<strike>Não serei agressiva a ponto de dizer que posto o filme dedicado a quem não tem paciêcia para ler o livro.</strike><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/2ygQBkmMfqY/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/2ygQBkmMfqY?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<br />Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-16216486398865043882016-03-15T12:42:00.001-07:002016-03-15T12:42:31.473-07:00Meu primeiro post sobre política<div class="MsoNormal">
Devido à pressão de algumas pessoas e minhas observações
diante dos últimos fatos, resolvi falar sim sobre isto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Na verdade, falar sobre meu primeiro post sobre política.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Rolou em 2009. Sério. Perdi minha virgindade em artigos
políticos neste ano. E pasmem: ele foi publicado no jornal local de maior
circulação na cidade onde morava. Na época estagiava em um gabinete de vereador
e convivi muito com pessoas que frequentavam a câmara, e fiquei perturbada em
saber que já havia frequentado aquele mesmo local nas mesmas condições e o
pior: havia sido atendida. O que tem de mal em ser atendido por um vereador?
Saber que a esperança dele é de que uma cesta básica, uma passagem de ônibus ou
um auxílio em impressão de panfletos sobre seu trabalho vão valer um voto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Observei então que era um perfeito caso de oferta e demanda,
onde as pessoas não estavam recebendo nada mais que o esperado. Nasceu assim
uma fábula chamada “Como organizar a Bagunçolândia”. Na terra da bagunça, as
pessoas não sabiam como reclamar sobre sua insatisfação com a falta de
organização para o rei. E menos ainda que ele tinha uma equipe que sondava
sobre os problemas da população e sugeria como resolvê-los. Então todos se
atropelavam e brigavam em torno dos muros do palácio, e ninguém se entendia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Na verdade, acabava explicando que votar em alguém sem saber
o que podemos exigir desta pessoa é a mesma coisa que comprar um fogão, não ler
o manual e depois reclamar que não conseguimos acender o forno para fazer um
assado de batatas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ou ainda a mesma coisa que empunhar um cartaz com uma frase
pedindo uma intervenção militar e logo abaixo outra frase afirmando que só o
poder do povo na rua pode combater a corrupção. Oras, quem empunha um cartaz
destes claramente está demonstrando acreditar que Maquiavel escreveu “O
Príncipe” só por causa dos lindos olhos de César Borgia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Vejo crianças de oito anos repetindo a palavra corrupção sem
saber que é errado fazer o trabalho do coleguinha em troca de um pacote de
balas, por exemplo. Aliás, aos oito anos presenciei um impeachment. E minhas
coleguinhas estavam preocupadas em pintar um olho de verde e outro de amarelo,
mas não sabiam o que estava acontecendo. E até hoje não sabem. Afinal, o povo
tirou Collor de lá.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Posso ser um pouco petulante? Antes de gritar palavras de
ordem, recomendo que conheçam Gilberto Cotrim, Eduardo Bueno e Eduardo Galeano,
o próprio Fernando Henrique Cardoso livre de sua faixa presidencial sobre o
peito e sua saudosa esposa Ruth Cardoso. Herbert de Souza é uma boa pedida
também. E se acharem pesado demais, podem procurar por Laurentino Gomes,
Juremir Machado da Silva e Ken Follet. Parece desconexo. Mas não é. Posso
apostar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Talvez com estas poucas palavras tenha sido clara sobre o
porquê de um silêncio que parece muito mais falta de opinião formada. Se me
poupar de uma discussão sem sentido for burrice, prefiro continuar com a imagem
de burra.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Desculpem a decepção. Pensaram que eu ia falar qualquer
coisa sobre Lula, Dilma, Aécio e a postura do Ministério Público de São Paulo?
Claro que não. Afinal não vi nada e não sei de nada. Inclusive moro
humildemente num apartamento de dois quartos sobre o qual não declarei nada;
até mesmo porque é alugado (e ainda por cima em nome do meu marido).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnRAnPJw-U6V0hvbkDWz8uIUFJqsG_uxOE-r5Oi0DL0kU8L7s8vAUTP7-ZLSXoPnmsBZSqt-saDi5D0gMCyYHGmEuH1CaeRoLUCQl86XEVyQfFn_qXUYCSXfil_LPM804OsgBHdX2SM5X-/s1600/maquiavel.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnRAnPJw-U6V0hvbkDWz8uIUFJqsG_uxOE-r5Oi0DL0kU8L7s8vAUTP7-ZLSXoPnmsBZSqt-saDi5D0gMCyYHGmEuH1CaeRoLUCQl86XEVyQfFn_qXUYCSXfil_LPM804OsgBHdX2SM5X-/s320/maquiavel.jpg" width="248" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Plágio do dia: Maquiavélico é a mãe!</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-89686560276417990882016-02-26T04:52:00.001-08:002016-02-26T05:08:16.286-08:00Sobre shorts, bermudas e silêncio.<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O banheiro feminino é uma verdadeira fonte de informações e
de conhecimento acerca do ser humano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Estranha afirmação, não? Para mim, não. Foi lá que escutei
colegas de trabalho das quais gosto muito chamando as <a href="http://www.correiodopovo.com.br/blogs/dialogos/?p=306"><span style="color: blue;"><b>meninas do colégio Anchieta</b></span></a> de “burras que não queriam saber de estudar”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Enquanto todos estão preocupados com a imagem de uma divisa
entre nádegas e coxas expostas pela cavidade da costura de uma peça de roupa;
deixam de reconhecer o rosto do presidente da Gerdau sendo conduzido a um interrogatório
na foto estampada na capas dos jornais. A bunda das meninas choca mais que a
organização político-social do Brasil, talvez até mais que o crescimento da
onda de violência no Estado do Rio Grande do Sul, que no ano passado teve seu
percentual de homicídios maior que o Rio de Janeiro e São Paulo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Mas não é exatamente deste tipo de comparação que vim falar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A questão é que as colegas que estavam conversando viram
quando saí de dentro do box do banheiro e tascaram um “tu não acha, Carol”?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">E eu respondi como sempre respondo quando quero me esquivar:
“não, sei, cheguei lá e a velha já estava morta”. Não adiantou. Houve
insistência. “É sério Carol! O que tu acha disto”?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">O que eu acho? Eu acho que um vestido longo não evitou que
um rapaz “esbarrasse” em mim na praça da Alfândega, no caminho para o trabalho
e me levantasse do chão encaixando as mãos dele em minhas nádegas em direção da
vulva (meu vestido longo também não evitou a surra que dei nele, mas este já é
outro ponto).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">E o fato de eu ensinar à minha filha que ela deve respeitar
as regras da escola onde ela estuda e usar bermudas para ir à aula não evitou
que um colega a trancasse no banheiro e abusasse dela, que conseguiu sair
correndo e chamar um adulto. Respeitar normas é um questão que envolve até uma
percepção de teorias da Psicologia. Possuímos em nossa identidade social
diversas personas. Obviamente a Caroline esposa é diferente da Caroline
profissional, que é diferente da religiosa, que é diferente da mãe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">A persona estudante da minha filha usa bermuda e camiseta
para ir à escola. Mas isso não a protegeu de um abuso. E isto também não
protegeu o menino de ter sido abusado em casa e refletir isto na escola. Fato
que só ficou conhecido por que finquei pé na escola até que o Conselho Tutelar
fosse chamado para investigar o que estava acontecendo (O menino ia ser expulso
sem ninguém saber o motivo de seu comportamento – fácil, não?).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">E voltando às meninas do Anchieta: a persona estudante delas
seja lá como estiverem vestidas não impediu que passassem por uma inspeção
diária em plena exposição diante de todos na escola. O que é degradante de
qualquer maneira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Sendo assim, por que se preocupar tanto com um short, sendo
que o problema é bem maior que isto?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Silêncio no banheiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Retorno ao meu posto de trabalho. Encaro uma colega que com
delicadeza diz: “tu viu esta história do Anchieta? Não sei se sou quadrada ou
não, mas acho que elas estão erradas”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Então respondo tão delicadamente quanto: “Tu não és
quadrada. É só tua opinião. Mas veja bem: trabalhamos em uma empresa com cento
e vinte anos de mercado. E hoje vim até aqui com um vestido com barra um pouco abaixo
dos meus joelhos. Tu achas apropriado”?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">“Acho”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">“E se eu viesse vestida assim neste mesmo prédio em 1910”?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Silêncio na sala.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Precisamos do barulho destas meninas do Anchieta. Mas
precisamos deste silêncio reflexivo também.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Estamos passando por um período de transição. Chanel usou
calças quando isto era um escândalo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Não podemos fechar os olhos e julgar como errado o
comportamento destas meninas, quando na verdade está tudo errado. O ser humano
deve respeitar o espaço do outro independente do gênero com o qual nasceu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">Enfim, esta transição é inevitável. Só precisamos que ela
ocorra de maneira saudável.</span><o:p></o:p><br />
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://catracalivre.com.br/wp-content/uploads/2016/02/alunas-shorts-Porto-Alegre_3-910x605.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="212" src="https://catracalivre.com.br/wp-content/uploads/2016/02/alunas-shorts-Porto-Alegre_3-910x605.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Foto compartilhada pelo site Catraca Livre.</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "helvetica" , sans-serif;">*</span></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-27448414018310305902015-09-27T11:11:00.000-07:002015-09-27T11:11:18.451-07:00Lembranças Setembrinas<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><br />
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:2.0pt;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:2.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-language:EN-US;}
</style>
<![endif]--><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHuUKCaWyAtMSgCUYN85yhBoTXuP_MJiMenzvcoLelPB6y0SjrFuIcAxnpONznPV0yc1JrEJv_zeVbVUXFRFtLwByjxogX5yQP0rQ_qZKkjZQjYFMxkOkMxOCwoGBEMyCpwiWgmlFCgFxL/s1600/pequena.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="226" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHuUKCaWyAtMSgCUYN85yhBoTXuP_MJiMenzvcoLelPB6y0SjrFuIcAxnpONznPV0yc1JrEJv_zeVbVUXFRFtLwByjxogX5yQP0rQ_qZKkjZQjYFMxkOkMxOCwoGBEMyCpwiWgmlFCgFxL/s320/pequena.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Enquanto escrevo sorvo do doce-amargo
chimarrão</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">E lembro dos meus tempos de chinoca</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Na Setembrina dos Farrapos</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Minha querida Viamão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Meus bordados e crochês de pequena</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">O cheiro da chimia de chuchu colhido na cerca</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">As benzeduras da minha bizavó.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Das vezes em que declamei</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Cantei</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Pintei</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Interpretei</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Em festivais.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Das histórias que aprendi</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Da cultura que defendi</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Da pilcha que vesti</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Das prendas que entendi.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Lembro das teias da vida</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Que me levaram p’routros pagos</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">E enquanto bebo desta seiva</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Não é um chasque que escuto</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Nem chamamé nem milonga</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">É do rock todo inglesado </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Que vem a trilha sonora </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">P´ra minha reflexão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Fico aqui pensando</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Que ainda sou aquela guria cheia de saias</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Mas hoje vestindo calças</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Enfrentando muito macho</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Na peleia do tal de mercado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Não preciso de uma faca na guaiaca</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Nem de rebenque ou açoite</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Preciso mesmo do que o vento frio do pago
onde cresci me ensinou</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Paciência, doçura e altivez</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Uma dose de força e coragem</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Pois da prenda que sou</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Disto não posso me separar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Mas penso que mesmo agindo de maneira
diferente</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Do que me ensinaram</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Minha essência não vai embora</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">E não sou menos prenda, menos gaúcha, menos
guapa</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Do que as meninas que andam pilchadas</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Como há muito deixei de andar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">E lembro então de pagos ainda mais distantes</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Que não conheci</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Mas que foram origem de tudo</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Que hoje conhecemos aqui.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Sem as <i style="mso-bidi-font-style: normal;">alemoas</i>
não teria chimia</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Sem as <i style="mso-bidi-font-style: normal;">polacas</i>
não teria festa com polonese</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Sem as portuguesas não teria xale</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Sem as açorianas não teria bordado e renda</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Sem as espanholas não teria abanico e saia
rodada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">E em uma cultura parida de tantas outras</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Não posso esquecer que estas pessoas são tão
gaúchas quanto eu</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Órfãs de pago</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Aquerenciadas em nossas coxilhas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">E sendo assim, quem sou eu p’ra dizer que é
ruim</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Gostar de baião e repente</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Comer tapioca e acarajé</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Contar causos de entradas e bandeiras</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Sambar no carnaval</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Vaquear em pantanal</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">E garantir os caprichos dos bois?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Ainda mais sabendo que mesmo em outros pagos</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">Quando deitarem em seus catres</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">As estrelas que os olhos deles vão enxergar</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt;">São as mesmas que os meus.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="color: #1f497d; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-themecolor: text2;"><span style="color: black;"><i>Caroline Garcia</i></span> </span></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-46752423378076342152015-07-13T13:58:00.000-07:002015-07-13T13:58:55.952-07:00Infância sabor beterraba<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDxTsm1F8azebkc5e6m-tfgbKCKcV7a9EZB_pQcRvrCI3PR9yOcvU2aeoZ7LeooV_2r6a13fuYDChMMpDog9U4RnYiOzdM98C8FuAH1-yn4a5_ku0y-144vT9l43OoXUX0s5JYUdNMMzP8/s1600/beterraba-500x325.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDxTsm1F8azebkc5e6m-tfgbKCKcV7a9EZB_pQcRvrCI3PR9yOcvU2aeoZ7LeooV_2r6a13fuYDChMMpDog9U4RnYiOzdM98C8FuAH1-yn4a5_ku0y-144vT9l43OoXUX0s5JYUdNMMzP8/s320/beterraba-500x325.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Hoje, durante o almoço, percebi que minha infância teve um
sabor diferente do que muitas pessoas descrevem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Minha primeira infância teve sabor de chocolate, de
biscoitos que eu comia em excesso, de balas e outros açúcares que me foram
oferecidos talvez na tentativa de suprir minha ansiedade, que eu apresentava já
em tenra idade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Mas minha segunda infância, na verdade início de adolescência
é lembrado por um sabor bem mais peculiar: sabor de beterraba cozida. Quanto
mais grossa e tomar conta de toda a circunferência de uma beterraba inteira,
mais ela me lembra de minha vida dos 13 aos 18 anos de idade (tempo em que me alimentei
diariamente à mesa de minha mãe).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Aliás, beterrabas, tomates, folhas, cenouras. Todas elas
lembram muito o sabor das refeições preparadas com muito carinho pela minha
mãe. Meu irmão, sete anos mais novo que eu, quando ia às compras comigo, saia
correndo com um tomate na mão, comendo como se fosse uma maçã (que ele gostava
também). E fazia um escândalo quando eu pedia para pesar. Só parava de reclamar
quando eu tirava da balança e devolvia a ele que “atacava” vorazmente a fruta
(afinal, eu precisava pagar o tomate, né?).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
A questão aqui é a beterraba. Meus outros dois irmãos,
mais novos, comem beterrabas cozidas inteiras, abocanhando pedações que enchem
as duas bochechas. É uma cena bonita de ver, sabe?</div>
<div class="MsoNormal">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
E meus filhos também. Aliás, meus filhos gostam de comer as
folhas da beterraba, cortadas bem fininhas e cruas mesmo. Misturam no feijão e
limpam os pratos. Ou cozidas em bolinhos também. Às vezes dão certa resistida,
e eu, fazendo papel de investigadora alimentar descubro que é um espelhamento
das manhas que presenciam na escola. Então rapidamente lembro a eles a
importância de cada alimento e resolvo o problema.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Hoje, ao comer quase meio prato de beterraba (eu como crua,
cozida, as folhas), junto a uma boa variedade de hortaliças, lembro-me de meu
último check-up: todos os níveis de açúcares, colesterol, ferro e outras
substâncias sempre estão sob controle. Mesmo com o sobrepeso que quem me conhece
pessoalmente sabe que carrego (sobrepeso, aliás, que não me tornou sedentária,
mas esta é outra história).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Senti então a necessidade de agradecer publicamente à minha
mãe. Agradecer por ela ter me dito não várias vezes, me impor limites, me
reeducar (e não é qualquer um que consegue reeducar alguém, mesmo sendo filho).
E me alimentar. De corpo e de alma. Espero que ela leia este texto um dia e
entenda a importância que tiveram os pães com margarina e doce de leite que nós
comíamos nos finais de tarde quando eu voltava de meus estágios do Ensino
Médio; alternados com as “viandinhas” de legumes cozidos que ela me fazia para
o almoço. A missão dela foi cumprida: sou uma pessoa saudável.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Pena que ao lembrar-me de tudo isto, me bateu uma tristeza
muito grande, pois lembrei também de uma cena que presenciei em um restaurante:
a mãe, com um casal de filhos, serviu o menino (mais novo) com um prato de
batatas fritas, arroz e bife empanado. A filha serviu-se sozinha com vários
alimentos, entre eles, minha querida beterraba. O menino chorou e esperneou,
querendo provar a iguaria.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
- Cala a boca! Tu não come isto. – Respondeu a mãe, enquanto
tentava “socar” goela abaixo da criança porções de batata e arroz; ao contrário
de entregar um pedaço de beterraba para que ele provasse.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Lamentavelmente, no dia fiquei sem ação. Mas juro que se eu
presenciar novamente um caso destes, não vou recomendar nenhum nutricionista.
Vou passar o telefone da minha mãe, isto sim.<o:p></o:p><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br /></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-87203387470007362732015-04-09T13:03:00.000-07:002015-04-09T13:04:44.023-07:00Era uma vez O Sul<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilE3azN5QO60gs8-tiXlkRikEdpB-Y_GpZElgWOt-RHBEjBKv_M-gVYFmgphaw2j9pmxhJTU_ta8KwQ9TXjg6ZTvllpJpjfi4KW3rurS7hqu3yP8yEgUPw4oRsZsuWsWEFqBB8INinVPRL/s1600/maquina_de_escrever.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilE3azN5QO60gs8-tiXlkRikEdpB-Y_GpZElgWOt-RHBEjBKv_M-gVYFmgphaw2j9pmxhJTU_ta8KwQ9TXjg6ZTvllpJpjfi4KW3rurS7hqu3yP8yEgUPw4oRsZsuWsWEFqBB8INinVPRL/s1600/maquina_de_escrever.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Pois tu sabes que até agora não caiu a <a href="http://www.coletiva.net/noticias/2015/04/o-sul-deixa-a-versao-impressa-e-fica-so-no-online/">ficha</a>?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Então, já era sabido que a crise do impresso tinha chegado
naquelas paragens.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- É... Há que se adequar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Mercado maldito este!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Mas criatura, este mercado não vai acabar. Lembra daquela
frase clichê: “a comunicação nunca vai acabar... ela só vai mudar de plataforma”?
É assim. Tem que virar multimídia, e...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Ah, eu vou morrer de fome! Mal sei programar uma câmera
digital doméstica!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Então, cara! Vai fazer um curso, estudar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Estudar? Tu acha mesmo que eu preciso estudar? Minha
escola é a vida, meu filho! É a estrada. Há quantos anos tu achas que eu
reporto daqui da minha cadeirinha? Não tenho mais condições de fazer estas
loucuras! Tempos bons aqueles que a gente perseguia bandido e vinha correndo pra
redação bater os dedos na Olivetti. Uma lauda, um cigarro, uma lauda, um
cigarro. Depois era o bar da esquina e um monte de cerveja. Bons tempos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Mas as pessoas não querem mais saber o que já aconteceu!
Eles querem saber o que acontece na hora!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Que escutem rádio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Tu estás andando em looping.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Todos nós estamos. Vamos todos ficar desempregados mesmo,
com esta enxurrada de crianças que pensam que sabem escrever só porque recebem
um monte de curtidas e coments. Uma verdadeira vergonha!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">(...)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Ainda não caiu a ficha.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Que ficha, rapaz? Nem vai cair! Isto é um absurdo! Onde já
se viu? Depois estamos todos com nariz de palhaço gritando nas ruas e ninguém
sabe por que! Pouca vergonha! Acham que podem se livrar assim da gente?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- E eu me peguei pensando nos impressores...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">- Ah, eles que vão trabalhar numa gráfica!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">-Oi?</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-79921598896335791152015-04-07T10:18:00.000-07:002015-04-07T10:19:23.462-07:00Dizem que hoje é dia do Jornalista<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNqfLceucdZ_wfAnVjk-IT8o4wSiSDD1waDso8vIznK754QxYSBtAfAHEgoBwAhyphenhyphenc6TG80ntPVgtXuULX7Id9m1RPavU8gR5dUCwthj6QcGxfjshqjFJ8ZEBcgza3MzS_CdzU2I1xxOiGX/s1600/07042010-post-dia-do-jornalista-foto-head.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNqfLceucdZ_wfAnVjk-IT8o4wSiSDD1waDso8vIznK754QxYSBtAfAHEgoBwAhyphenhyphenc6TG80ntPVgtXuULX7Id9m1RPavU8gR5dUCwthj6QcGxfjshqjFJ8ZEBcgza3MzS_CdzU2I1xxOiGX/s1600/07042010-post-dia-do-jornalista-foto-head.jpg" height="212" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Hoje, dizem que é dia do Jornalista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Na verdade, vivo este dia todos os dias. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Assim como em todas as profissões, nos comprometemos antes com
o mundo, para depois nos comprometermos com si mesmos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E como isto é gigantesco, às vezes assustador. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Existem pessoas que pensam que existimos apenas em matérias
assinadas em folhetins pela TV, Rádio, Televisão. Que existimos quando damos
nosso "boa noite", ou quando anunciamos "notícia de última
hora", ou ainda quando escrevemos aquela coluna apimentada na página de
opinião. Ledo engano. Existimos nas madrugadas, nas ameaças de quem quer fazer
algo escondido, nos momentos em que as imagens são tão fortes e intoleráveis
que nos prestamos a vê-las primeiro e proteger nosso expectador de um possível
choque.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Existimos também fora das redações, garantindo que seja lá
qual for a informação que o expectador queira receber; que ela seja recebida de
maneira eficaz, digna e ágil. E não é trabalho fácil.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Existimos formando outros Jornalistas. Pois aquilo que se faz primordialmente necessário para a sociedade precisa de continuidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Há algum tempo temos ultrapassado as linhas do romantismo e
não nos afixamos em uma mesa com nossos cigarros, café, máquina de escrever: dividimo-nos
entre a vastidão da informação, nossas famílias, nossos desejos, nossa saúde. E
como a tarefa de mantermos nossa saúde tem sido cada vez mais árdua! Como a
linha entre a perda da nossa humanidade, da nossa compaixão, do nosso respeito
aos nossos anseios e o caráter de nosso compromisso é tênue!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mesmo que não estejamos em alguma
área de risco fazendo uma cobertura, ficamos com o coração apertado nas mãos
esperando nossos colegas voltarem da Faixa de Gaza, do Morro do Alemão, das
manifestações populares do Brasil. E fazemos o possível para dar suporte para
que ele se mantenha vivo e cumpra a sagrada missão de informar. E é com quase incuportável dor e sensação de impotência que acompanhamos quando temos uma baixa em nossas equipes. Mesmo que esta baixa tenha ocorrido em outra emissora, outro grupo de
comunicação, ou outro país. Mesmo que seja um único colega que tenha sofrido com a falha em um colete a prova de balas. Mesmo que tenha sido um único colega atingido por uma bomba pelas costas. Mesmo que tenha sido um único colega torturado por um grupo de intolerantes. Mesmo que tenha sido uma redação inteira vitimada por um atentado. Dependemos um do outro diariamente; e mesmo que não
nos falemos ou não nos conhecemos pessoalmente erguemos nossos lápis muitas vezes quebrados e informamos o que acoteceu, numa incansável tentativa de evitar uma lamentável repetição dos fatos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pensamos em conteúdo, pensamos em educação, pensamos em
cultura, pensamos na verdade acima de tudo (mesmo que precisemos ouvir cada lado dela, mesmo
que intragável).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Fizemos um juramento no dia em que tomamos a decisão de nos
doarmos desta forma. Que o mundo permita que ele possa ser cumprido todos os
dias. Mesmo com todas as dificuldades. Com toda a honra e amor a que nos
propomos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>“Juro / exercer a função de jornalista / assumindo o
compromisso / com a verdade e a informação. / Atuarei dentro dos princípios
universais/ de justiça e democracia,/ garantindo principalmente / o direito do
cidadão à informação. / Buscarei o aprimoramento / das relações humanas e
sociais,/ através da crítica e análise da sociedade,/ visando um futuro/ mais
digno e mais justo/ para todos os cidadãos brasileiros./ Assim eu Juro”.</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Assim eu juro. E juramentos para mim são vitalícios, quando não possivelmente eternos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Feliz dia do Jornalista.</span><o:p></o:p><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-74575847064946404752015-03-25T12:17:00.000-07:002015-03-25T12:20:37.044-07:00Aprendendo a ser mãe II<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwKtD1V61CPQ3FolnuVSQGpQEZXGYnjXTjyiicq5ZozNAYXjgdc-MOC9VO4Nz3M8Zf2tWMQgxSa6fcrQGKjmo3GXHQeZn2IjSxg4ysEA4DcNrAUCpSlp6miJdWXlucA1FgikOM-5IXXs-P/s1600/meninos-briga.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwKtD1V61CPQ3FolnuVSQGpQEZXGYnjXTjyiicq5ZozNAYXjgdc-MOC9VO4Nz3M8Zf2tWMQgxSa6fcrQGKjmo3GXHQeZn2IjSxg4ysEA4DcNrAUCpSlp6miJdWXlucA1FgikOM-5IXXs-P/s1600/meninos-briga.jpg" height="320" width="251" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Hoje de manhã me vi diante de mais um dilema materno. O relato será
extenso, mas serve para reflexão:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ontem, ao sair da casa da tia que cuida dos meus filhos fui informada
que eles brigaram na escola.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Eu:</b> Brigaram um com o outro?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O tio que cuida deles, com
sobrancelhas cerradas:</b> Não, Brigaram os dois com um outro guri. Mas eles
vão te contar direitinho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E sairam na rua me contando os dois ao mesmo tempo que a Jaliska tinha
saído em defesa do Lugh. Bom, acabei o assunto orientando que com violência não
se resolve nada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Hoje pela manhã, minha filha reclamou que tem sido "separada"
de uma colega com quem não para de brigar (Confesso que a menina é uma
miniatura de sem noção, mas juro que oriento minha filha a viver pacificamente
com ela, juro! – Se fosse comigo o cabelo dela já estaria cheio de cola.).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Eu:</b> Mas claro, né? Tu até
bate de soco em menino lá na escola, o que mais tu queria?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ela cabisbaixa:</b> Mas eu não bato de soco!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>E eu, num momento de insanidade:</b>
Se tu vai bater, tem que bater direito que é pra não apanhar (eu nunca puxei
cabelo de ninguém, mas soco muito certeiramente, desde tenra idade).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Meu filho entrando na conversa:</b>
Ela bateu de garrafa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Eu:</b> Hein?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Meu filho:</b> Isto mesmo, mãe!
Ela bateu com a garrafa de água que ela leva, e ainda estava congelada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ela, ficando nervosa:</b> mas
mãe, ele puxou o tênis do meu irmão e saiu correndo. Daí eu fui atrás dele e
peguei o tênis. Ele não queria me entregar, ele vive incomodando na escola,
bate até em professor. Dei de garrafa nele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Eu, boquiaberta:</b> E o que ele
fez?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ela:</b> Ele foi pro lado de uma
colega que tinha quebrado o pé e está usando muleta. Pegou uma muleta dela e
veio para cima de mim. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Eu, cada vez mais apreensiva </b>(ainda
mais por saber que ninguém tinha me ligado da escola, nem a minha filha tinha
marcas de espancamento por muleta)<b>: </b>E...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Ela:</b> E eu arranquei a muleta
da mão dele e enchi ele de muletadas! Depois devolvi a muleta pra guria dona da
muleta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>E o meu filho, interrompendo:</b>
Mas nesta hora eu já estava tentando segurar ela, porque né... coitado do guri.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">(Muito bem, de ladrão de tênis o guri virou coitado...)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>E eu, me virando pro meu filho:</b>
E tu conseguiu separar?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>E ele:</b> Não. Mas daí a
diretora veio e levou nós três para a sala dela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E lá fui eu de novo dar discurso sobre evitar resolver problemas na
base da violência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="background-color: #d9d2e9; font-size: large;">Mas o que eu digo se esta menina é meu update, minha miniatura, minha
repetição exata no mundo, meus deuses?</span></b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Observação:</b> Minha filha tem 1,26m e 25kg. O menino em questão é do
tamanho do irmão dela: em torno de 1,45m e 44kg.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Observação 2:</b> O que dizer desta pessoa que só conheço a 9 anos e já considero tanto? *o*</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Observação 3:</b> No Natal de 2013, entre outras lembrancinhas dei uma luva
de boxe para cada um dos meus filhos. Será que a culpa é minha?</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Observação 4:</b> Eu ia escrever isto no Facebook, mas era muito extenso...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3283785346854658146.post-30382429706920734162014-08-19T10:24:00.001-07:002014-08-19T10:24:15.673-07:00Sobre meu espelho<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">Parecia prata...</span></b><br />
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">...mas era apenas o tempo.</span></b><br />
<br />
<i>Caroline Garcia</i><br />
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifg_ZQOjG4Z-67BNoE9EEiqErtGD1Bcno3PCLBUUA4nK-9r7qNKigCXE_bee_Ny9Q2ls3cggC4UvfuKA_od4ABif6KiQj091nVOBMJRiExgRhOpItyvO6x0r3V6K15FspewwbGY4zBYQeD/s1600/grisalho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifg_ZQOjG4Z-67BNoE9EEiqErtGD1Bcno3PCLBUUA4nK-9r7qNKigCXE_bee_Ny9Q2ls3cggC4UvfuKA_od4ABif6KiQj091nVOBMJRiExgRhOpItyvO6x0r3V6K15FspewwbGY4zBYQeD/s1600/grisalho.jpg" height="249" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem retirada do Google Images</td></tr>
</tbody></table>
<br />Caroline Garciahttp://www.blogger.com/profile/07375260588721941978noreply@blogger.com0