Ao amanhecer, quando
foi vestir-se, juntou o paletó de Franz do chão e não resistiu a revistar os
bolsos. E foi em um deles que encontrou uma segunda carta:
“Amado...
Temos que ter muito cuidado para que
ninguém saiba de nada, não deixe de ser presente em seu lar. Depois daquele
bilhete que deixei no casaco que me emprestou, cheguei à felicidade plena em
saber que nosso amor era recíproco há tanto tempo.
Coragem, meu querido. Temos que ter toda
a coragem do mundo para continuarmos sendo felizes. Esta mesma coragem que nos
uniu, deve dar continuidade e descrição ao nosso sentimento.
Um dia, talvez seremos livres, mas por
enquanto vigia.
Seguirei eternamente te amando”...
Aquilo já era demais!
Além de tudo o que dizia a carta, exibindo com clareza o fato de Franz falar
nela para a amante e da distância que mantinha os dois afastados; a desgraçada
ainda usava emprestados os casacos que ela mesma mandava lavar e perfumar a
seco!
Foi então que passou-lhe uma ideia
nebulosa na cabeça. Na sociedade hipócrita em que viviam, ninguém condenaria
Franz por adultério, mas a mulher em questão pagaria um alto preço por ter-se
oferecido ao seu homem. Certamente, Jacob não se negaria a informar quem era
ela... ainda mais se ameaçasse entrega-lo à Gestapo. Vestiu-se e subiu
rapidamente ao sótão.