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terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A Terceira Carta Parte V

Ao amanhecer, quando foi vestir-se, juntou o paletó de Franz do chão e não resistiu a revistar os bolsos. E foi em um deles que encontrou uma segunda carta:
“Amado...
Temos que ter muito cuidado para que ninguém saiba de nada, não deixe de ser presente em seu lar. Depois daquele bilhete que deixei no casaco que me emprestou, cheguei à felicidade plena em saber que nosso amor era recíproco há tanto tempo.
Coragem, meu querido. Temos que ter toda a coragem do mundo para continuarmos sendo felizes. Esta mesma coragem que nos uniu, deve dar continuidade e descrição ao nosso sentimento.
Um dia, talvez seremos livres, mas por enquanto vigia.
Seguirei eternamente te amando”...
            Aquilo já era demais! Além de tudo o que dizia a carta, exibindo com clareza o fato de Franz falar nela para a amante e da distância que mantinha os dois afastados; a desgraçada ainda usava emprestados os casacos que ela mesma mandava lavar e perfumar a seco!

            Foi então que passou-lhe uma ideia nebulosa na cabeça. Na sociedade hipócrita em que viviam, ninguém condenaria Franz por adultério, mas a mulher em questão pagaria um alto preço por ter-se oferecido ao seu homem. Certamente, Jacob não se negaria a informar quem era ela... ainda mais se ameaçasse entrega-lo à Gestapo. Vestiu-se e subiu rapidamente ao sótão.