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terça-feira, 28 de junho de 2016

Precisamos falar sobre Velho Chico (E sua possível rejeição)

No dia em que o primeiro capítulo de Velho Chico foi ao ar, lembro que fiz textão no Facebook. E neste textão uma previsão catastrófica que está se concretizando, infelizmente. Deveria estar feliz por mesmo após seis anos longe da roteirização ou direção de espetáculos não ter perdido o faro com o público. Mas não estou. Nem um pouco.

Estou sim, desiludida. Ao mesmo tempo em que acreditei que a Globo, com seu poder de persuasão em horário nobre iria auxiliar na penetração de outros formatos de texto, atuação e até de fotografia no entendimento da “plateia”, tirando à manobra de fórceps da erudição seletiva certas práticas cênicas; tinha a certeza de que o público seria resistente. E está sendo.

Muito bem, meus senhores. Velho Chico parece estar correndo o risco de ser encurtada. Graças à sua falta de músicas populares com refrões repetitivos e sem nexo, bordões óbvios e cenas de sexo gratuito. Pelo amor de todos os deuses, quando sonharíamos que uma novela da Globo teria um poema de Gregório de Matos musicado em sua trilha sonora (e primorosamente encaixado na realidade expressa no texto)?

Lembro como se fosse hoje, em meio às risadas por ter visto os pelos pubianos de Santoro (Poxa, qual adolescente dos anos 1990 não esperou ansiosamente por isto?), que lembrei do quão significativas eram as manifestações sexuais entre sua personagem e a de Carol Castro. E sem levar em consideração o contexto histórico do período de liberação sexual e o “desenfreamento” de Afrânio (que mais tarde viria a antagonizar com o conservadorismo que assumiria ao encarnar o papel de Coronel Saruê no lugar do pai – o que aliás reflete a sucessão rural tão forte em certas regiões do país), ouvi pessoas próximas a mim desistindo de assistir à novela por que só mostrava “putarias”.

Dei muitas risadas com dona Encarnação chamando a nora de “Gitana” fonetizando com “J”. Clara referência à ignorância causada pelo isolamento cultural de certas camadas da população que ainda assim se enche de razão. E se Selma Egrei é cansativa, arrastada e irritante, louvores a ela: de que valeria meses de laboratório se não para fazer com que o público sentisse por ela asco que parte das outras personagens sentem?

E chorei copiosamente enquanto o padre Benício rogava a Nossa Senhora que desse sabedoria a Santo e Tereza para administrar o amor que sentem um pelo outro. O quanto isto acontece em nossas vidas? Seríamos nós aptos a aceitar apenas o que fantasiamos como amor e não o que acontece todos os dias em consequência do amor? Parece que apenas quem amarga sentimentos por longos anos e não encontra saídas entenderia o que está expresso por alí.

Seria apenas eu que entendi lá nos primeiros capítulos a alegoria dos barcos no Rio São Francisco? Só eu senti o prazer de ter verdadeiras telas de Portinari invadindo minha casa através da fotografia da novela? Será o pé do Benedito que só eu entendi os elementos surreais que permeiam a trama fazendo ela inserida em um local onde o tempo parou? Não. Isto não é possível. E sei não ser possível porque vi alguns poucos falando exatamente isto a respeito das intenções de Benedito Rui Barbosa (Mestre!).

Velho Chico traz a caricatura que é sim presente em nossas vidas, traz pausas cênicas para que possamos refletir (e deglutir) acerca de tantas informações difíceis que “pipocam” diariamente. Traz a diva Christiane Torloni cantando despreocupadamente e naturalmente como todo ator deveria ser permitido fazer (sem playbacks), porque ela não está concorrendo a um Grammy, mas interpretando (E meus Deuses, como é bom ouvir esta mulher cantar deste jeito!).

Façamos um esforço e assumamos que talvez (Talvez uma pinóia, agora minha previsão está comprovada.) o público não esteja preparado para pensar e muito menos aceitar que (mais uma vez esta afirmação) a arte é amoral. Na vida temos gente preconceituosa, chata, violenta, política. Temos regiões no Brasil em que a homossexualidade é velada por conta de traços culturais lamentáveis, mas traços culturais (E daí a tal ausência de personagens homossexuais na trama.).

Esta é a realidade nua e crua. Aceitem se tiverem força para isto.


(E só para piorar um pouco mais o post, deixo aqui embaixo a oração à Santa Sara que a “Jitana” Christiani Torloni conduziu de uma maneira que eu nem sei descrever – e olha que eu nem paro para olhar novela, hein?)




quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Prevenção (Innocence of Muslims)

Proibiram a exibição do trailler de Innocence of Muslims...

Frame retirado do YouTube exibe imagem do filme que satiriza o Islã. Foto: Reprodução

Vou correndo comprar meu chador, ou hijab, dependendo do que decidirem... afinal, daqui há pouco vamos ser obrigadas a usar para evitar transtornos, não é mesmo?

(Será que vou ficar a "corramailinda"???)


Falando sério 1: Alguém aí já ouviu falar do dito popular "minha casa, minhas regras"? Pois parece que o Brasil não é casa de ninguém, mesmo.

Falando sério 2: Já imaginaram se uma muçulmana que gosta de mudar de cor de cabelo comete um crime? Estou imaginando o Fucker dizendo ao Sucker: "Não, não, parceiro. Esta não é a meliante. Ela é morena, e aqui na carteira de motorista não dá pra ver o cabelo, não deve ser ela"... afinal aqui quem cuida da perícia não são os coletadores de digitais do CSI, né???

Falando sério 3: Não sou preconceituosa, muito pelo contrário. Só que se eu fosse visitar ou morar no islã, cobraria minha cabeça com um véu com prazer, pois além de achar os tecidos deles muito lindos, também aprendi com a minha família que devo respeitar as regras e o código de conduta do local onde eu frequento. Se não quiser fazer isso, que me retire então (Este recado vai para as mulheres que vão visitar o oriente médio e reclamam de serem "obrigadas" a cobrir a cabeça: "obrigado é pau de arrasto, como diria minha avó". Não querem brincar, não desçam pro playground! - Ou lembrem que não é em todos os ambientes que é obrigatório o uso do véu.). Acredito em um mundo onde as pessoas podem se respeitar. Se somos obrigadas por uma lei do islã a usar véu em determinados lugares quando formos visitá-los ou morar lá; eles também tem que respeitar nossas leis se querem nos visitar ou morar aqui. Ninguém proibiu as moças islâmicas (aquelas lindaaaas) de se cobrirem na rua, mas mostrar as características físicas em documentação é fundamental. Aliás, não tem nem o que reclamar, se estivessem no país delas, em alguns locais não poderiam fazer a carteira de habilitação nem com véu na foto!

Falando sério 4: Ensino aos meus filhos que "respeito" é tratar aos outros como gostaria de ser tratado. O dito cujo que fez este filme pisou na bola. E feio. E colocou mais um monte de gente em risco por causa de uma falta de educação que é somente dele. Os EUA tinham mais era que entregar este cara as autoridades islâmicas, ao contrário de ficarem protegendo. Ou seria interessante causar todo um trnstorno mundial por causa de uma pessoa? Para ganhar uma batalha, precisamos ter algumas baixas. Podem ser poucas, mas se for interessante ter muitas, talvez o caminho mais rápido seja este.

E chega de falar sério, pois se for desenrolar tudo que penso sobre esta relação de coisas, vou ficar aqui até amanhã escrevendo.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Acabaram com a infância (de novo)

Olha, eu sei que notícias de abuso contra crianças, sejam morais ou físicos, fazem qualquer um acreditar que a infância é artigo raro no mercado.

Sempre fui fã do Maurício de Souza, e continuo sendo, mas acho que chegou a hora de parar de destruir a infância alheia por causa de dinheiro. Estou muito decepcionada, sério mesmo.

Podem me chamar de quadrada, não me importo. Pra mim, o que é pra criança é pra criança e ponto final. Atos como este fazem com que nossos filhos não tenham acesso a uma mídia de entretenimento de qualidade. Um produto só existe no mercado por existir consumidor, e vice e versa. Sendo assim, se não existissem estas opções, eles ainda leriam as revistinhas infantis e dariam risadas como nós demos em nossa infância.

Olha a notícia que acabei lendo hoje no Correio do Povo:

"Mônica e Cebolinha estão de casamento marcado



União da dupla mais famosa dos quadrinhos brasileiros estará nas bancas na próxima semana

Foram décadas de implicância um com o outro, na revistinha mais famosa do Brasil. Tanta paixão reprimida só podia acabar em casamento. Agora, chega de planos infalíveis e coelhadas. Mônica e Cebolinha vão casar na edição 50 de Turma da Mônica Jovem. O lançamento da revista de 132 páginas ocorre na próxima semana.

O gibi em estilo mangá, produzido pelos Estúdios Maurício de Sousa, traz uma versão mais moderna da turminha que retrata a infância dos brasileiros há décadas. Na nova edição em quadrinhos, ele já trocaram o primeiro beijo e engataram namoro. Agora, chegou o matrimônio, cujo desenrolar de toda a história ainda é segredo".


Depois de ver os olhares ilustrados na imagem acima não vou me surpreender se levar meu filho na banca pra comprar revistinhas e encontrar uma de hentai , assinada pelo Maurício de Souza, ainda por cima.



quinta-feira, 21 de junho de 2012

Top 8 homens liiindos (serááá???)

É da minha natureza discordar.

Fico horrorizada em ver como as mulheres gritam "liiiindo" pra qualquer mané que fique na frente de uma câmera ou atrás de um microfone (Ou com uma bola no pé, enfim.), incrível mesmo.

Pois resolvi abrir minha "boca de sacola" e mostrar minhas discordâncias, pelo menos aqui pelo Brasil.

8º lugar - Gustavo Lima

Gente, o Gustavo Lima até que ficou um pouco menos pior depois que deixou a barba crescer, mas convenhamos, que aquela coreografia bagaceira dos infernos que ele faz quando canta o tal do "infinitamente tchetchereretchetchê", dá nojo. E só.

7 º lugar - Michel Teló

Este me dá vontade de dar uma fugidinha... na direção contrária à dele! É simpático, não posso negar. Mas gurias... parece uma barata descascadinha, coitadinho.

6º lugar - Kadu Moliterno

Este é do passado (Não muito distante - alguém aí assistiu "Armação Ilimitada"?). Mas gente, a pele dele brilha, as bochechas são vermelhas! Não sei, tem algo que me incomoda no "Seu" Kadu. Via minha tia e minha mãe falando que era gato, mas já que minha tia morria de amores pelo Sidney Magal também, me senti a vontade de discordar (desde criança, hein?).


5 º lugar - Xande (o marido da Carla Perez)

Cara de bebê chorão. Pra mim isso basta. Tudo bem, que o que sabemos é que o cara é um bom cristão, um bom pai, um bom marido da Carla Perez. Que legal, respeito muito isso. Admiro, inclusive. Mas daí pra achar ele lindo e maravilhoso tá longe. Realmente, tinha tanta vontade de chorar quanto o cavaco da música ("Mandei meu cavaco choraaaaaar"... lembram?) dele quando o via dançando e rebolando bregamente na televisão. Juro.


4º lugar - Dado Dolabella

Mais um bebê chorão (Acho que vou fazer uma lista de bebês chorões...). O que me incomoda é o comportamento desta pessoa. Ele não é exatamente feio fisicamente. Mas gente que se acha a última bolachinha do pacote pra mim já é automaticamente feia.


3 º lugar - Neymar

Simpático e não passa disso. Acho um fofo, um querido, mas gente... bonito??? Pra qual civilização? Se algum antropólogo me explicar, juro que revejo meus conceitos (Não, a foto não foi escolhida por acaso!).

2º lugar - Ronaldinho Gaúcho
Ronaldinho Gaúcho - Divulgação
Dispenso comentários.


1º lugar - Théo Becker

Aaaaargh!!! Este homem parece ser seboso. Nem vou falar muito, reparem no cabelo, no brilho da pele. Mas acho que a Nicole Bahls tá extremamente carente mesmo, de verdade, porque eu nem sou tão bonita que nem ela e já não deixava chegar perto (Na verdade gritaria: vai já pra jaula!). Pra mim, é o rascunho do mapa do inferno ao quadrado. Ah, e isso que nem entrei no mérito da neurose (Mas isso é doença, e doença a gente respeita.).


Ok, eu não sou nenhum exemplo de beleza. Mas tenho opinião própria. E você que tá aí lendo? Concorda, discorda, também se irrita quando vê um bagulho ser chamado de gostoso? Desabafa nos comentários.


Fontes das imagens: Site da Prefeitura de Bragança Paulista, Carnaval no Brasil , Freak Show Business , É permitido pensar , Blog do Carlos Britto , Neymar.TV , Atlântida Crisciúma , O Dia online .

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Meninos ucranianos

Não quero links, não quero mostrar nada. Absolutamente nada.

Estava lendo o site Minilua. Lá, uma foto lateral chamou minha atenção. Falava sobre a situação triste de crianças na Ucrânia. Abri o link.

Não vou reproduzir as fotos. Não é este meu intento. Não gosto de sensacionalismo nem profissionalmente, muito menos intimamente. Infelizmente vivemos no que chamamos de "Sociedade do espetáculo". Onde podemos assistir a desgraça alheia, e em um clique após dizer "coitadinho", fugir da realidade.

Há pessoas da minha convivência que se questionam sobre como sobrevivi a certas situações que elas consideram extremas. Mas elas sabem apenas o que contei. Na verdade, nunca vivi nenhuma situação extrema. Caminhei aproximadamente sete quilometros na chuva por não ter como pagar o ônibus, sem proteção nenhuma para fazer a prova do ENEM. Passei, estou prestes a me formar como bolsista. Roubei chuchu na cerca da vizinha para ter o que comer alguns meses antes disso acontecer. Estava amamentando meu filho praticamente desmaiada quando o pai dele chegou em casa. Tenho pressão baixa e chuchu não faz muito bem para pessoas como eu. Sofri violência psicológica, o que resultou em um divórcio. Me reergui do nada, várias vezes. e me reergo de novo, se for necessário.

Isto é o que eles sabem, e já ficam chocadas. E se um dia descobrirem que testemunhei contra um pedófilo ao descobrir que uma menina em uma das creches que eu trabalhei estava sendo abusada? Sim, eu estive frente a frente com ele, e não piquei nenhum pedacinho do seu rosto.

E se descobrirem que ensinei uma menina de treze anos a tomar banho em bacia depois de descobrir que na sua casa não havia água encanada?

Que vesti meu moletom em um menino de seis anos para o qual tive que colocar no colo para dar aula, na intenção de aquecê-lo (Naquele dia voltei com frio para casa, mas a sensação foi única.)?

Que segurei a língua de um menino que estava tendo uma overdose?

Que fui em boca de fumo exigir um aluno meu de volta gritando com o traficante em questão "Nos dias em que eu der aula ele é meu, nos outros ele é teu, e vamos ver quem é que ele escolhe!"? A partir deste dia o homem mandava o menino ir pra escola antes de ir para o "trabalho".

E o dia que fui escoltada pra descer o Morro da Cruz sob fogo cruzado? Cabuloso!

Sabem quanto eu ganhava para sustentar meus filhos neste período? 80 reais por mês, numa época em que o salário mínimo era de 400. O resto, arranjava fazendo uma performance de teatro aqui, outra alí. Não se enganem, meus amigos, artista fora da televisão é pobre.

Não é meu intuito também exibir proezas. Até porque o que contei não é proeza. É apenas minha obrigação. Na verdade a obrigação de todos nós.

Conheço um homem que me contou que muito se molhou na chuva sendo levado pela mão por sua mãe, em condições extremas. Começou a trabalhar aos sete anos, vendendo jornais. Não digo quem é, nem o que faz por respeito, mas posso dizer que hoje está muito, mas muito bem. Chorei ouvindo sua história, porque é muito parecida com a dos meus filhos, que não precisaram trabalhar tão cedo, mas estão aprendendo o valor das coisas comigo. Tenho certeza que este homem não fez o que fez sozinho. Sempre temos alguém que dobre nosso paraquedas. Lembram daquele email que ninguém lê até o final? Pois é, leiam e entenderão. Assim como estenderam a mão para ele, estenderam e estendem para mim; e eu estendo para outro, em gratidão a quem me estendeu.

Estou extremamente chocada com as fotos que vi, retratando o cotidiano dos meninos abandonados na Ucrânia. O que me choca mais ainda é saber a sensação que o fotógrafo deve ter tido. Ele também estava cumprindo sua obrigação como pessoa. Podemos não ter dinheiro, mas miséria vai muito além de não ter dinheiro. A miséria da alma é muito mais assustadora e sedimentada.

Minha mãe é kardescista. Minha família é. Um dia ela me disse que devemos cumprir nossa obrigação com nossos filhos primeiro, e que haviam desgraças que aconteciam com as pessoas por conta de coisas que elas mesmas fizeram. Acredito nisto. Mas assim como ela, acredito que nós todos estamos aprendendo. Consequentemente, se estes pequenos estão aprendendo com a dor, eu estou aprendendo com a indignação por vê-los assim, e ainda mais com a coragem de fazer alguma coisa. Isto é o que dá forças à minha mãe, por exemplo, mesmo cansada, prestar trabalho voluntário também.

Mas é tudo tão complicado. Não é uma doação, nem simplesmente arrastar um menino ucraniano para um abrigo que vai resolver. Nem um prato de comida. Naquelas condições, o corpo não sente fome, nem frio. Talvez nem dor.

Meu Deus! Eles são muito parecidos com meu filho. E podemos sentir todo o sofrimento em suas expressões nas fotografias.

Talvez nem escrever este texto ajude, mas preciso vociferar este tipo de coisa, sabendo que tenho acessos de várias partes do mundo, mesmo que não comentem nada.

Todas as noites agradeço à Deus(a) por ter me dado forças para garantir dignidade aos meus filhos. Poderia ter fraquejado como os pais destes meninos. Existem coisas (boas e ruins), que só podemos explicar com o divino. Quando os vejo deitados em camas limpas, alimentados, e recebendo educação, mesmo que com a dificulade de minha falha presença muitas vezes; só consigo explicar com a presença de um Deus(a) que não é bom. É justo.

Não consigo ver a humanidade como se não fosse uma família gigantesca. Queria poder me multiplicar e segurar cada um deles no colo. Juro. Não tenho por que querer impressionar alguém.

Mas posso pedir um favor: que cada pessoa que ler isso se torne uma extensão dos meus braços. Também imagino que isso não vai dar certo, mas se um atender, já será a margem que as estatísticas prevêem.

Um dia, meus filhos queriam deixar uma lata de refrigerante pela metade em uma calçada para que um mendigo pegasse. Não permiti. Ensinei a eles que se quiserem dar algo a alguém, que fossem ao mercado, comprassem um lanche limpinho e dessem. Isso é dignidade. Ninguém precisa viver de restos.

Pode existir um "menino ucraniano" ao lado da sua casa, sabia? Não é necessário viajar a Ucrânia para fazer algo.

Estes meninos vão desencarnar e ser substituídos, e não falta muito tempo. Se verem as imagens entenderão. Não sabemos onde terão suas próximas chances, então se melhorarmos as condições por aqui, estaremos preparados para recebê-los de braços abertos, caso nos escolham. A vida é feita dos atos de cair e levantar diariamente. É assim com o plano divino, também.

Uma oração? Talvez. Na verdade chamo isso de fé, de amor, de esperança.

Esta foto retrata uma pessoa que foi salva do abandono por um casal em melhores condições que seus pais biológicos.

Medo de palhaço

Uma vez minha mãe contou que meu irmão de 22 anos ainda tem medo de uma coisa, só uma coisinha: palhaço.

E daí que eu achei ser bobagem até o dia de hoje, quando resgatei, lá do fundo do baú, um bate-papo da UOL com palhaços da franquia Patatí e Patatá, em 2003.

1ª constatação:

G-zuis!!! Socorro, posso estar sendo espiada por um palhaço agora!!! (A partir de hoje, só tomo banho de roupa...)



2ª constatação:


Sempre, SEMPRE haverá um idiota metido a palhaço (no sentido negativo da história...) pra colocar um apelido de extremo mau gosto em um bate-papo em que muito provavelmente crianças e pais de crianças entrariam. E os moderadorees não fizeram nada, leram bem? NADA!
Só um apelido destes já é crime. Mas como palhaço não necessariamente é bobo, "deram nos dedos", só no sapatinho (É cômico o resto do bate papo. Para todas as perguntas que o tal "Pedófilo" faz, os palhaços respondem algo relacionado à inocencia infantil. Pena que ele não "se flagra".):


Conclusão:

Onipresentes e inteligentes. São semi-deuses. E se Hércules detonava, devia ser temido. Sendo assim, palhaços devem ser temidos. Resumindo: Meu irmão tem razão (Drooooga!!! Mãe, olha esse gurí rindo da minha cara!!!).


P.S.: Se encontrar algo que denote onisciência e onipotência, por gentileza, avise, assim, chegarei à uma segunda conclusão: a de que devem ser Deuses... daí vou enviar um email perguntando como foi criar tudo isso em sete dias, e talz...

P.S 2.: NÃO, NÃO FUMO ABSOLUTAMENTE NADA. Nem cigarro comum. Só precisava falar um pouco de bobagem. Queria mesmo é que mais gente fizesse este trabalho de resgatar a inocência infantil, que é tão gostosa; ao invés de mostrar programas com crianças namorando e cenas de sexo explícito com atores adultos, prontas para ser copiadas embaixo da mesa da escolinha.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Marcas

plastica Amanda LeporeE a Adele, que foi defendida pela Madonna, quer emagrecer. Esta notícia já é velha, eu sei.

Minha mãe diz que tenho que tratar minha tireóide, pois meu peso parece ter aumentado. Concordo com ela. Mas não acredito que tenha que fazer isso por causa apenas de meu peso. Tenho que fazer isso porque minha disfunção trás enxaqueca, dores no corpo e cálculo renal. Meu sobrepeso não tem relação nenhuma com estes três problemas, e médicos já disseram isso, pois minha alimentação (fora no período de TPM) é extremamente balanceada e cuidadosa. Mas não porque quero emagrecer. Mas porque GOSTO de vegetais crus, de cereais e iogurte. Não sinto muito prazer em comer carne, e isso não é crime, pelo o que eu saiba.

Certa vez, fui fazer teste para apresentar o telejornal que minha turma da faculdade estava produzindo. Tive que trocar de cor de camisa duas vezes, tirar os brincos, prender cabelos, trocar a cor do batom. Tudo porque segundo meu professor, minha imagem era muito sensualizada para transmitir notícias. Comentei com um colega: "mas eu sou gorda!" e ele respondeu de pronto:"o professor disse que tu é sensual, e não magra". a partir daquele momento percebi que ser feio é uma coisa, estar acima do peso é outra.

Às vezes fico chocada com o que algumas pessoas são capazes de fazer para adaptar-se a padrões. E aí me pergunto: que padrões? Quem dita esta regra? Ainda temos sociedades com conceitos de beleza diferentes. Até porque se fossemos todos iguais, não teria graça nenhuma.

Não é raro o dia em que me olho no espelho e me orgulho. Meu ventre não é liso. Minha filha me disse que parecia massa de pão, por causa das estrias. Ao contrário de outras mulheres que praguejariam: "isso é culpa tua!", apenas disse que isso é o que acontece com a maior parte das mulheres que escolhem dar a vida para outras pessoas, e que não me importava, pois aquela era a marca que me lembraria de ter dado a vida a ela e ao seu irmão.

Não tenho mais os seios que tinha aos dezesseis anos. Mas isso são marcas de que alimentei dois seres humanos até que pudessem fazê-lo de outra forma. Meus cabelos são grisalhos já pouco antes de completar trinta anos. Embora passe tinta para avermelhar, para mim não é o fim do mundo, minha intensão é colorir e não esconder fios brancos. É a marca que lembra que vivi e tenho experiência. Óbvio que uso cosméticos, mas não me prestei a comprar rejuvenescedores assim que fiz vinte e cinco anos. Não faz sentido, e para mim, nunca fará. Acho tão bonito e natural envelhecer. é o que acontece com nosso corpo desde a concepção, não é mesmo?

Sou casada com um homem que é dez anos mais velho que eu. Quando observo que ele tem pés de galinha suaves, mas que logo estarão mais profundos, fico feliz. Ele me ensina muitas coisas valiosas, todos os dias, me protege e acolheu meus filhos. Coisas que só a vida ensina, e colocam a juventude do corpo por água abaixo; dando lugar à juventude da alma.

Hoje, por saber o valor das coisas, me aceito mais.

Quero viver voltada para minhas experiências, e não para meu corpo.

Nunca sofri bulling na escola. Não tiveram tempo. Só porque sei rir de mim mesma. Inclusive peço desculpas aos colegas que nunca conseguiram me chamar de gorda, jé que eu chamava antes.

Também não posso reclamar de gordurinhas saltando para fora das calças. Não ignoro meu tamanho. Não acho justo para com meu corpo comprar roupas dois números menores.

O assunto é longo e delicado, assim como este post. Mas precisava falar. Acho que vou morrer tentando entender pessoas como a que está na foto acima (ou vai dizer que o Michael Jackson não seria um homem lindo sem as plásticas?).

Mas me conformo... elas também não entenderiam a relação de amor que tenho com minhas marcas.


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Dia da criança


Sim, hoje é dia da criança... FELIZ DIA DA CRIANÇA, AÍ!!!! Quem quiser me dar um presente, pode ser uma Ferrari.

Ah... a foto da Maisinha? Pois é... acho que neste dia, devemos refletir certas coisas. Tem quem goste de falar sobre catástrofes contra crianças. Pedofilia, violência, coisas horrorosas.

Mas daí, indo contra e ao mesmo tempo a favor dos colegas que gostam de escrever, também farei o mesmo. Escreverei sobre a beleza e o sorriso da Maisa, e de como ISSO VEM SENDO VIOLENTADO pela mídia, ou melhor, pelos pais desta guria. 

Neste momento, estou assistindo junto aos meus filhos o especial de dia da criança que o SBT está exibindo. Um encontro entre os palhaços Patatí e Patatá (Um dia escreverei algo sobre eles que vai fazer vocês cairem pra trás... calma, nada de pactos, demônios ou escândalos... é mágoa pessoal mesmo.), Iudi, Priscila e Maisinha.

O problema é que meu filho tem sete anos e se indigna: "Mãe! Quando é que esta guria vai calar a boca????"

E eu: "Quem, meu filho?"

"Esta tal de Maísa, mãe! Ela é chata!!!" E começa a rodopiar fazendo um arremedo de "Bom dia, bom dia, bom diaaaaa... hoje eu estou tããão feliiiiiz..."

E eu comecei a sentir pena da guriazinha. Ela é linda, sorridente e alegre como qualquer criança (Particularmente, adoro crianças - fiz duas!), poderia ser um amor de criatura; mas ao contrário disto, interrompe os colegas que estão falando, passa dançando na frente da Priscila enquanto ela está cantando, numa ânsia em aparecer mais do que qualquer um.

Entendo que a diretora, produtora, voz do além ou sei lá o que do programa Bom Dia e Cia diga que ela é uma princesinha (E é mesmo, todas as meninas são. E os meninos, super-heróis.). Mas tem alguém, ou "alguéns" mal educando esta criança. e isso TAMBÉM É VIOLÊNCIA!

Por favor, alguém avisa a mãe desta menina, que ela está sendo antipazada por muita gente, e que se tem fãs, é por que a mídia fez assim. Quando ela crescer, pode acabar sendo hostilizada até mesmo da emissora que a está transformando em um monstrinho, deus a livre! Eu sei que um dia algum assessor de comunicação vai acabar chegando neste humilde blog, quando procurar pela patroazinha na internet para fazer cliping; e gostaria que soubessem que digo tudo isso com um amor que só as mães sentem, que faz com que tenhamos força para dar uma palmada no bumbum de um filho para avisar que o mundo não é um morango, que ninguém pode tudo, que há limites e que devemos ser pessoas educadas.

Rezo pelo futuro de todas as nossas crianças, e da Maisinha também... principalmente para que a semelhança com a Shirley Temple acabe apenas na aparência física e no talento.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Fui vítima do trabalho infantil!

A cidade de Viamão entrou no cenário da mídia nacional por causa da punição que uma professora aplicou em um adolescente, que num ato de vandalismo pichou as salas de aula recém pintadas de uma escola. Como eu não poderia deixar de opinar sobre o assunto, mandei esta crônica para o jornal Diário de Viamão, e ela passou a ilustrar uma das matérias que circulou sobre o assunto.
Ah, e vale lembrar: a cidade dos professores carrascos é a única em que os motoristas páram na faixa de pedestres mesmo que sem semáforo, para alguém atravessar a rua.




Abaixo, o texto enviado ao jornal:





Vai ser um depoimento rápido, sucinto e indolor...

Sim, venho hoje me retratar como uma vítima do trabalho infantil.

Praticamente todo o ensino de nível fundamental estudei em escolas privadas... e religiosas. E como reza a lenda, todas as administrações religiosas são carrascas.

Qual a diferença entre uma escola pública e uma privada? Ora... esta é fácil! A pública forma operários, e a privada, líderes.

Mas a grande verdade é esta: os irmãos e irmãs que me educaram, faziam com que meus colegas e eu limpássemos a sala de aula uma vez por mês. Faziam com que varrêssemos a sala de aula todas as vezes que trabalhávamos com recortes de papel. E também faziam com que plantássemos árvores. E que passássemos álcool no quadro negro, sujando nossas pequenas mãozinhas... ah, e uma vez tive que ajudar a pintar as linhas de uma quadra de basquete.

Assim vivi minha infância dos seis aos treze anos. E muitas marcas foram deixadas.

Não sou uma líder, muito menos rica e bem sucedida. Mas sou traumatizada. E é este trauma que faz com que eu seja grata às faxineiras do local onde trabalho, e que eu não me importe em passar um paninho na parte de traz de um computador quando elas não alcançam. É este trauma que faz com que ensine aos meus filhos a não jogar papel no chão. É este trauma que faz com que eu não piche as obras de arte da Bienal do Mercosul, e muito menos os muros dos vizinhos, já que eu sei o trabalho que tiveram para pintar. É este trauma que me fez uma cidadã de bem, consciente de meus direitos, mas principalmente de meus deveres.

O início assusta, não é? Mas meus senhores e minha senhora, mãe de “criança traumatizada”: o Estatuto da Criança e do Adolescente tem duas partes, e não só uma. A primeira fala dos direitos, e outra dos deveres, como em qualquer constituição... mas como qualquer bom brasileiro, a maioria não lê um livro por inteiro, ou decora a sinopse se considerando a pessoa mais instruída do mundo.

Aliás... chamem psicólogos para tratar quem doa seu trabalho voluntário para pintar escolas e depois tem que assistir delinqüentes pichando. Estes cidadãos sim, tem motivo para ficarem com traumas, sofrendo com este dano moral.

Obrigada aos carrascos da minha infância. Hoje eu sei o que é educação... a que faz o caminho ser aberto para a vida.