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segunda-feira, 9 de abril de 2012

Marcas

plastica Amanda LeporeE a Adele, que foi defendida pela Madonna, quer emagrecer. Esta notícia já é velha, eu sei.

Minha mãe diz que tenho que tratar minha tireóide, pois meu peso parece ter aumentado. Concordo com ela. Mas não acredito que tenha que fazer isso por causa apenas de meu peso. Tenho que fazer isso porque minha disfunção trás enxaqueca, dores no corpo e cálculo renal. Meu sobrepeso não tem relação nenhuma com estes três problemas, e médicos já disseram isso, pois minha alimentação (fora no período de TPM) é extremamente balanceada e cuidadosa. Mas não porque quero emagrecer. Mas porque GOSTO de vegetais crus, de cereais e iogurte. Não sinto muito prazer em comer carne, e isso não é crime, pelo o que eu saiba.

Certa vez, fui fazer teste para apresentar o telejornal que minha turma da faculdade estava produzindo. Tive que trocar de cor de camisa duas vezes, tirar os brincos, prender cabelos, trocar a cor do batom. Tudo porque segundo meu professor, minha imagem era muito sensualizada para transmitir notícias. Comentei com um colega: "mas eu sou gorda!" e ele respondeu de pronto:"o professor disse que tu é sensual, e não magra". a partir daquele momento percebi que ser feio é uma coisa, estar acima do peso é outra.

Às vezes fico chocada com o que algumas pessoas são capazes de fazer para adaptar-se a padrões. E aí me pergunto: que padrões? Quem dita esta regra? Ainda temos sociedades com conceitos de beleza diferentes. Até porque se fossemos todos iguais, não teria graça nenhuma.

Não é raro o dia em que me olho no espelho e me orgulho. Meu ventre não é liso. Minha filha me disse que parecia massa de pão, por causa das estrias. Ao contrário de outras mulheres que praguejariam: "isso é culpa tua!", apenas disse que isso é o que acontece com a maior parte das mulheres que escolhem dar a vida para outras pessoas, e que não me importava, pois aquela era a marca que me lembraria de ter dado a vida a ela e ao seu irmão.

Não tenho mais os seios que tinha aos dezesseis anos. Mas isso são marcas de que alimentei dois seres humanos até que pudessem fazê-lo de outra forma. Meus cabelos são grisalhos já pouco antes de completar trinta anos. Embora passe tinta para avermelhar, para mim não é o fim do mundo, minha intensão é colorir e não esconder fios brancos. É a marca que lembra que vivi e tenho experiência. Óbvio que uso cosméticos, mas não me prestei a comprar rejuvenescedores assim que fiz vinte e cinco anos. Não faz sentido, e para mim, nunca fará. Acho tão bonito e natural envelhecer. é o que acontece com nosso corpo desde a concepção, não é mesmo?

Sou casada com um homem que é dez anos mais velho que eu. Quando observo que ele tem pés de galinha suaves, mas que logo estarão mais profundos, fico feliz. Ele me ensina muitas coisas valiosas, todos os dias, me protege e acolheu meus filhos. Coisas que só a vida ensina, e colocam a juventude do corpo por água abaixo; dando lugar à juventude da alma.

Hoje, por saber o valor das coisas, me aceito mais.

Quero viver voltada para minhas experiências, e não para meu corpo.

Nunca sofri bulling na escola. Não tiveram tempo. Só porque sei rir de mim mesma. Inclusive peço desculpas aos colegas que nunca conseguiram me chamar de gorda, jé que eu chamava antes.

Também não posso reclamar de gordurinhas saltando para fora das calças. Não ignoro meu tamanho. Não acho justo para com meu corpo comprar roupas dois números menores.

O assunto é longo e delicado, assim como este post. Mas precisava falar. Acho que vou morrer tentando entender pessoas como a que está na foto acima (ou vai dizer que o Michael Jackson não seria um homem lindo sem as plásticas?).

Mas me conformo... elas também não entenderiam a relação de amor que tenho com minhas marcas.


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