Páginas

Mostrando postagens com marcador Viamão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Viamão. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Fui vítima do trabalho infantil!

A cidade de Viamão entrou no cenário da mídia nacional por causa da punição que uma professora aplicou em um adolescente, que num ato de vandalismo pichou as salas de aula recém pintadas de uma escola. Como eu não poderia deixar de opinar sobre o assunto, mandei esta crônica para o jornal Diário de Viamão, e ela passou a ilustrar uma das matérias que circulou sobre o assunto.
Ah, e vale lembrar: a cidade dos professores carrascos é a única em que os motoristas páram na faixa de pedestres mesmo que sem semáforo, para alguém atravessar a rua.




Abaixo, o texto enviado ao jornal:





Vai ser um depoimento rápido, sucinto e indolor...

Sim, venho hoje me retratar como uma vítima do trabalho infantil.

Praticamente todo o ensino de nível fundamental estudei em escolas privadas... e religiosas. E como reza a lenda, todas as administrações religiosas são carrascas.

Qual a diferença entre uma escola pública e uma privada? Ora... esta é fácil! A pública forma operários, e a privada, líderes.

Mas a grande verdade é esta: os irmãos e irmãs que me educaram, faziam com que meus colegas e eu limpássemos a sala de aula uma vez por mês. Faziam com que varrêssemos a sala de aula todas as vezes que trabalhávamos com recortes de papel. E também faziam com que plantássemos árvores. E que passássemos álcool no quadro negro, sujando nossas pequenas mãozinhas... ah, e uma vez tive que ajudar a pintar as linhas de uma quadra de basquete.

Assim vivi minha infância dos seis aos treze anos. E muitas marcas foram deixadas.

Não sou uma líder, muito menos rica e bem sucedida. Mas sou traumatizada. E é este trauma que faz com que eu seja grata às faxineiras do local onde trabalho, e que eu não me importe em passar um paninho na parte de traz de um computador quando elas não alcançam. É este trauma que faz com que ensine aos meus filhos a não jogar papel no chão. É este trauma que faz com que eu não piche as obras de arte da Bienal do Mercosul, e muito menos os muros dos vizinhos, já que eu sei o trabalho que tiveram para pintar. É este trauma que me fez uma cidadã de bem, consciente de meus direitos, mas principalmente de meus deveres.

O início assusta, não é? Mas meus senhores e minha senhora, mãe de “criança traumatizada”: o Estatuto da Criança e do Adolescente tem duas partes, e não só uma. A primeira fala dos direitos, e outra dos deveres, como em qualquer constituição... mas como qualquer bom brasileiro, a maioria não lê um livro por inteiro, ou decora a sinopse se considerando a pessoa mais instruída do mundo.

Aliás... chamem psicólogos para tratar quem doa seu trabalho voluntário para pintar escolas e depois tem que assistir delinqüentes pichando. Estes cidadãos sim, tem motivo para ficarem com traumas, sofrendo com este dano moral.

Obrigada aos carrascos da minha infância. Hoje eu sei o que é educação... a que faz o caminho ser aberto para a vida.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Mulheres que fazem a diferença


O Plenário da Câmara Municipal de Viamão ficou cor-de-rosa durante todo o dia 25 de setembro: recebeu a Oficina de Capacitação para Prevenção e Combate à Violência contra a Mulher, promovida pela Associação de Mulheres do Multiplicar.


Quantos príncipes encantados viram sapos no conto de fadas do dia a dia das mulheres comuns? Repensando a pergunta: das mulheres incomuns. Não existe mulher comum.
Cada mulher é única, cada mulher tem uma história de vida; e quando se fala a palavra príncipe, não falamos apenas dos sonhos. Falamos de fatos, situações, decisões.
Foi com o intuito de interferir na vida de quem realmente tem que levantar a cabeça e tomar decisões que podem determinar o destino de uma família inteira, que a Associação de Mulheres do Multiplicar elaborou o projeto de oficinas de Capacitação para Prevenção e Combate à Violência contra a Mulher.
Segundo a tesoureira da associação, Mardeli de Quadros Rosa, as oficinas estão sendo ministradas em várias cidades gaúchas. “Temos sede em Canoas, mas estamos presentes em 12 cidades, entre elas, Porto Alegre, Alvorada, Pelotas, Passo Fundo e estaremos em Butiá logo, logo”, afirma. O objetivo é capacitar mulheres para ajudar mulheres, e Mardeli explica: “Serão multiplicadoras de nosso trabalho. No terceiro módulo do curso, cada participante terá a capacitação para realizar as oficinas, além de aprenderem a identificar quando uma mulher está sendo agredida ou não”.
A oficina começou de forma descontraída, e cada mulher teve que identificar a inicial de seu nome com uma característica sua. Eram pescadoras, assistentes sociais, graduadas e trabalhadoras rurais, artesãs, brancas, negras, pardas que puderam dizer desde “meu ‘E’ é de ‘egoísta’”, até “meu ‘R’ é de ‘rainha’”. Maria Eunice Dias Wolff, representante gaúcha no diretório nacional do Partido dos Trabalhadores foi a responsável pelas dinâmicas de grupo.
Ali puderam contar suas histórias, dar exemplos de superação, ou demonstrar sua boa vontade em ajudar quem precise. E aprender. “A acolhida é feita de verdade quando se olha nos olhos. É sinal que a pessoa pode confiar em ti.” Dizia Ângela Pereira, assistente social, responsável pelo Centro Jacobina, de São Leopoldo. A Secretária de Políticas Públicas da mesma cidade, Euli Steff também marcou presença e trocou experiências com as viamonenses, contando como andam as políticas relacionadas à mulher em “São Léo”.
Estiveram participando da oficina a representante do gabinete do deputado federal Marco Maia, Iradi Bampi; a vereadora Belamar Pinheiro, Darlene Oliveira, que é articuladora dos projetos da associação no município, bem como a coordenadora geral, Maria Regina dos Santos Braga. O vereador Geraldo Oliveira recebeu o agradecimento da equipe organizadora da oficina, após ter sido o responsável pela solicitação do espaço do plenário. Durante a tarde, Estela Vilanova esteve esclarecendo as dúvidas das participantes sobre a organização da mulheres no município.
Para contatar a Associação de Mulheres do Multiplicar, a sede é em Canoas, na Rua Caramurú, nº 330, sala 1. O telefone é 51 34769752. Em Viamão, pode-se dirigir ao programa de atendimento à mulher, através do número 30547509

NÃO ESQUEÇA:
Segundo as Mulheres do Multiplicar, a violência é eclética e democrática, e não escolhe a dedo suas vítimas. “Quem bate na mulher, machuca a família inteira!”, dizia um dos slides expostos durante a capacitação.
Quando for necessário o pedido de socorro à polícia não esqueça:
  • Ao fazer a denúncia especifique que quer amparo da Lei Maria da Penha. Do contrário, a ação vai para a lista de ações comuns.
  • Dependendo do caso, peça também medida protetiva, ou seja, uma determinação judicial que impede o agressor de se aproximar mais de 100 metros da vítima.
  • Se não conseguir levar a polícia para fazer um flagrante, tente levar qualquer policial que esteja passando pelas proximidades do local, ou juízes, escrivões, tabeliões, que estejam à disposição. Estas pessoas tem fé pública validada.