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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Afinal, qual é o sexo frágil?


Antes de começar, preciso contar. Minha filha tem quatro anos, e utilizamos o transporte coletivo. Ao embarcar no ônibus, dia destes, sentamos nos bancos da frente, que estavam livre. Foi aí que ela me perguntou sobre cada figurinha do adesivo indicativo de assento preferencial. Identifiquei todos. Seu pequeno dedinho apontava para a mulher com criança no colo. “Esqueceu, mãe”, disse ela, “com bebê e de saia”. Eu meio cansada, apenas resmunguei. Mas depois fiquei pensando. Será que não é esperado que um homem entre com um bebê de colo em um ônibus? Esqueçamos os favores prestados pelos pais às suas esposas, ou mães de seus filhos. O que está aqui em questão são os tabus e diferenciações.
A mulher quando some de casa e chega tarde é motivo de preocupação. O homem quando chega tarde é sem vergonha.
A mulher quando é traída é vítima. O homem é traído e é chamado de “corno” ou de “trouxa”.
A mulher quando trai ainda é vítima (Coitada, faltava algo em casa.). E se o homem trai, voltamos a dizê-lo: sem vergonha.
Dia destes li uma notícia um pouco estranha. Um homem iria assaltar uma loja na Rússia, se não fosse interrompido pela proprietária. Sei lá como a mulher imobilizou-o e trancou-o e uma sala. Ali, fez toda sorte de práticas sexuais com o pobre coitado; durante não sei quantas horas, mas foram tantas, que a polícia local foi averiguar o que estava acontecendo. Descobriram a vítima de estupro. Ou não era vítima, ou não era estupro? A notícia lí num site de discussão. Os comentários foram diversos, e confesso que até eu chamei-a de “mestra”. O que mais me chamou a atenção foi uma mulher participante discernir que estupro é quando se agride orifícios,e não extremidades (As palavras não forma bem estas, mas poderemos estar fora do horário para este tipo de nomenclatura.). Os homens o consideraram privilegiado, e acharam absurda a ação que o homem moveu contra a agressora. Para mim, estupro é qualquer ação sexual realizada sob violência e contrariedade de uma das partes.
Aí me pergunto: o que acontece com um homem que procura uma delegacia dizendo que “apanha” da esposa? E com um rapaz que diz ser assediado por uma senhora? Por que a delegacia da mulher cuida só da defesa e não da punição das mulheres? Assédio sexual só é acusação válida quando o chefe é homem? Mais light: por que existe dia internacional para a mulher e não para o homem? Por que no dia das mães a variedade de presentes é muito maior?
Igualdade de direitos é uma coisa. Tentativa de supremacia é outra bem diferente. Esqueçamos o gênero. O que é frágil é o ser humano, principalmente contra a falta de valores.

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